12.6.06

Merchandising involuntário



Alguns mexicanos foram hoje ao estádio fantasiados de Chapolim Colorado, personagem que há 20 anos é sucesso no SBT. A Globo não contava com sua astúcia.

O narrador simplesmente emudecia cada vez que a TV alemã, alheia à rivalidades midiáticas brasileiras, mostrava os cucarachas, mais alheios ainda. A cada gol mexicano vinham os trajes auri-rubros, com anteninhas de vinil e coração de CH incluídos.

Não é a primeira vez que a tela da Globo é invadida por marcas indesejadas. Na final do Brasileirão de 2001, o dirigente vascaíno Eurico Miranda, insatisfeito com a grana da TV, pôs o Vasco em campo com um uniforme patrocinado pela emissora de Silvio Santos. Para piorar, um pedaço do estádio desabou e o jogo foi interrompido, permitindo mais uma hora de publicidade do SBT na transmissão Global.

Nos amistosos pré-Copa de 1994, a emissora carioca foi envolvida na Guerra das Cervejas. A Antarctica patrocinava os jogos, mas a Brahma comprou toda a publicidade da beira do gramado (ainda não havia Ambev, crianças). A Globo teve de inventar ângulos bizarros para que as placas nunca aparecessem. Quando a bola chegava perto da linha de fundo, por exemplo, cortavam para uma câmera atrás do gol —e o telespectador que assimilasse a guinada de 90º. Bizarria. A revolta foi tanta que estratégia contra "a número 1" durou um jogo só.

Torço para que o México faça muitos gols, vá muito longe e que o uniforme de Polegar Vermelho vire mania entre as torcidas de todos os países. O monopólio é um prato que se come cru.