4.11.09

A taça que ninguém quer

O jogo de hoje entre Grêmio e São Paulo poderia muito bem ser a decisão do Campeonato Brasileiro. Não porque o São Paulo é o melhor candidato ou porque o Palmeiras vai aproveitar pra se distanciar domingo, porque não vai. Podia ser a decisão porque foi uma versão condensada em 90 minutos desta porcaria de campeonato que ninguém quer ganhar.

Maníacos dos números olham para os seis primeiros colocados separados por só 7 pontos e saem berrando "céus, como é emocionante este torneio". Como diabos um campeonato em que todos os times são ruins pode ser emocionante? Megalomaniacamente, colorados sustentam que o Inter é especialista em deixar o cavalo passar encilhado. Olhem pros lados, amigos: em todas as rodadas, algum dos seis primeiros do Brasileiro faz isso. O Flamengo perdeu pro Barueri, o Palmeiras, pro Santo André, o Cruzeiro e o Atlético, pro Fluminense.

No microcosmo do campeonato que foi o jogo de hoje, o Grêmio foi melhor. Ou seja, não podia ganhar. Sempre que engatava dois ataques em sequencia, algum meio-campista parava tudo e atrasava a bola pro Victor, temendo que o time fizesse gol sem querer. A sorte insistia, compensando os pênaltis que o juiz não deu com expulsões bizarras de são-paulinos carrinhando alucinados. Autuori logo tomou providências para garantir a lisura da disputa; colocou Herrera e Perea em campo e deixou os dois times com o mesmo número de jogadores.

O São Paulo também não quis ganhar, nem o jogo, nem o título. Estava lá, segurando o empatezinho contra o ataque inócuo do Grêmio, aí percebeu que perigava encaixar um contra-ataque e matar o jogo. Solução: 3 jogadores darem tesouras toscas que nem o juiz mais acomodador do campeonato se seguraria.

Eu até ia dizer que ver o teipe desse jogo podia explicar o campeonato pra quem está chegando agora. Mas qualquer jogo explica. Por favor, encerrem duma vez o certame e façam a taça acumular pro ano que vem. Quem ganhar, leva duas.