39 mil - De verdade
O preço que se paga por ser mangolão: postei, abaixo, um post sem sentido, sem querer. Desculpem. Voltando ao assunto, ano passado a final da Libertadores foi em POA porque o coitado do Atlético-PR não tinha estádio com capacidade de 40 mil pessoas, exigido pela Conmebol. Apesar de ter o estádio-rrreferência de qualidade no Brasil, a Arena da Baixada.
O gancho era esse para falar das 39 mil almas que assistiram a brilhante vitória colorada na quarta-feira, contra a LDU. O "Gigante da Beira-Rio", como gostam de dizer os colorados, apresentava vazios constrangedores na arquibancada inferior, mesmo no lado do ataque do Inter no primeiro tempo. A direção colorada gasta dinheiro em anúncios nos jornais com o conceito "Libertadores: agora é guerra", conclamando as pessoas ao estádio. E coloca o ingresso mais barato a R$ 40.
Apenas 7 mil pessoas pagaram entrada na quarta, porque o Inter tem cerca de 30 mil sócios em dia, o sonho de qualquer clube pela receita garantida. De modo que sobra pouco lugar para eventuais, e por esses lugares o clube resolveu cobrar um valor inviável para o torcedor que ganha R$ 350 por mês. O "Clube do Povo", como os colorados gostam de chamá-lo, deu as costas para o povo quando a coisa ficou boa.
Esse não é um post anti-Inter, até porque aumentar absurdamente o ingresso quando o time chega em uma fase decisiva foi o que me impediu, em 1995, de ver o Grêmio meter 5 a 0 no Palmeiras. É uma triste constatação, de que pobre não tem mais lugar em estádio, de que o bom é aplicar de modo mais simplório possível a oferta x demanda (jogo bom = mais procura = ingresso caro). Os dirigentes tiveram 39 mil pessoas no jogo mais importante do ano. Lucraram, mas talvez percam no longo prazo. Quando eu era piá, virei gremista desgraçadamente fanático ao ver Grêmio 6 x 1 Flamengo, semifinal da Copa do Brasil em 89, e Grêmio 0 x 1 Corinthians, final em 95. Se eu não tivesse ido tanto no estádio em jogos importantes, talvez não fosse sócio do clube hoje. Também perdeu o sentido, também, uma discussão que ocupou muitos dos meus recreios na quarta série: qual é o maior estádio, do Grêmio ou do Inter. E não é porque, ao contrário da época, a piazada acha a resposta em 10 segundos no Google. É porque isso não importa mais.
Futebol para pobre é na TV. Pena que, na TV, futebol é outra coisa.
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