14.8.06

Superior, geral e cadeira


por Álvaro Bueno

Logo depois do jogo quarta-feira, já tinha conferido lá no site do Colorado: venda dos ingressos só no domingo e eles seriam escassos. Ok, me programei para no sábado de noite ficar em casa e dormir gargalhando com um Zorra Total para madrugar no Beira-Rio e não pegar muita fila. Eu queria ingresso de cadeira, não ia faltar, achava. Mas o negócio das matérias de TV, rádio, jornal ficar mostrando que tinha gente acampada lá desde sei lá quando estourou a cinta.

De manhã, sábado, um ex-colega de faculdade ainda me ligou e avisou que estava indo para lá comprar, que tinha medo que faltasse, etc. Eu disse que ia, mas mais tarde. Tinha coisas a fazer para o trabalho e tal. E fiquei fazendo, descompromissadamente, e acompanhando pelo rádio um cliente que dava uma entrevista. E aí entra um repórter do esporte e acaba com o meu mundo:

"A direção do Internacional decidiu antecipar a venda de ingressos para o jogo da próxima quarta-feira, tendo em vista que a fila já chega a cerca de duas mil pessoas e não há porque aumentar o tempo de espera até amanhã. O conselho para quem está em casa é para que não venha ao Beira-Rio na busca de ingressos porque não conseguirá".

Putaquepariu. Era mais ou menos uma da tarde. Acho que em dez minutos eu já estava lá. Meu amigo que foi de manhã estava lá no meio da fila. Furá-la não me pareceu uma atitude muito segura. Mais tarde vi que muita gente furou e alguns foram retirados da fila pela Brigada por isso. E fui ao seu final, ali na avenida Beira-Rio, saindo uns cinqüenta metros do portão do estádio. Ali fiquei cozinhando, sem ter a mínima noção se iria conseguir um ingresso.

Mas a fila aumentava. Uma hora depois, o comentário é que ela já estava lá nas cuias, quilômetros adiante da mesma avenida. Mas pelo menos ela andava. Sinal que já estavam vendendo.

Na minha volta, um bando de maluco oferecia latas de cerveja para quem estivesse perto. Tiravam onda com todos que passavam. "Olha o Bira! Olha o Casagrande! Olha o guri de camisa Rosa! Olha aqueles, parecem o KLB! Olha o Sóbis paraguaio!". Ganhamos laranjas, santinho do Dallegrave, o Bolívar chegou e mandou um alô para a massa, aquele funcionário que é sósia do Muricy também apareceu e o Sóbis do Paraguai mostrou uma foto com o verdadeiro. Assim foi até umas cinco da tarde.

Aí começou a cansar. A fila já se aproximava da entrada da Coréia e da rampa onde um funcionário distribuía senhas para ordenar o negócio até a bilheteria. Era a luz no final do túnel. Estava chegando a hora e também começavam a chegar os brigadianos de capacete laranja. Putaquepariu, eu pensei. O Choque está aí para, quando terminarem as senhas, frustrar qualquer confusão no cacete.

Seis da tarde cheguei na rampa. Eu e meus vizinhos de fila conseguimos as senhas e comemoramos como se fosse um gol. Um repórter fotográfico bem colocado acima da rampa reparou e registrou isso. Dali para a compra dos ingressos foi rápido.

Álvaro Bueno é relações públicas, colorado, gente boa e um dos quatro leitores de Linha Burra. Álvaro mantém o blogue Pauta que pariu. Quem encontrá-lo na foto, ganha um superbrinde.