Mineiro de mina
- PERAÍ! ESSE CARA FOI MEU COLEGA.
O Carlo saltou do sofá e gritou como se tivessem espetado um alfinete nos quartos. O Carlo é esposo da minha cunhada e não é ligado no futebol. É um sujeito do tênis, da vela. Enfim, um nobre. Enquanto as mulheres distraíam o sobrinho querido da família na noite desta quinta-feira, eu e ele assistíamos ao Jornal Nacional. Durante o noticiário da Copa, surge a notícia do embarque do volante Mineiro, do São Paulo, para a Alemanha. O Carlo se levanta:
- PERAÍ! ESSE CARA FOI MEU COLEGA - repetiu.
Pensei que se referisse a um dos papagaios que cercavam o jogador no aeroporto paulistano. Me enganei.
- É o Mineiro! Esse cara foi meu colega! Ele tá indo pra Copa! - disse, esbaforido, supreso, estupefato, como se tivesse visto um fantasma mulato.
Como disse, o Carlo não é ligado em futebol. Até a noite desta quinta-feira, na sala da nossa sogra, ele jamais tinha revisto o Carlos Luciano da Silva, o Mineiro, colega de primeiro grau no Colégio Maria Imaculada, situado de cara para o estádio Beira-Rio.
- Ele jogava muito no colégio. Jogava demais mesmo. Mas não sabia que ele tinha virado jogador profissional- explicou Carlo, que não é ligado em futebol.
A Zero Hora de hoje explica que Carlos Luciano virou Mineiro porque era parecido com o irmão Cláudio Mineiro, lateral colorado da década de 70. O Carlo tem outra explicação - muito melhor. O Mineiro é Mineiro porque é preto feito um mineiro, um operário das jazidas de carvão. Nada a ver com a terra do Rei Aécio, portanto.
É o segundo colega do Mineiro que eu conheço. O fiel amigo Ricardo Ramos, companheiro de concreto no Beira-Rio, também jogou bola com ele no Maria Imaculada. Mas o Ricardo é ligado em futebol.
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