2.7.06

Ei, Parreira, vai tomar no cu

No meio do segundo tempo, a torcida brasileira já gritava "Ei, Parreira, vai tomar no cu" das arquibancadas. Não consigo entender o motivo de tanta insatisfação. Acompanho copas do mundo desde 1986 e nunca vi uma Seleção representando o país com tanta precisão: a moleza, a falta de espírito coletivo, nenhuma noção de planejamento, a idéia de que basta a nossa ginga, malemolência e malandragem pra superar qualquer obstáculo, a insistência em métodos ultrapassados, não faltou nenhum detalhe.

Finalmente uma Seleção mostrou ao mundo inteiro o que qualquer rodada do Campeonato Brasileiro deixava claro: nós temos os melhores jogadores e o pior futebol do mundo. As duas maiores provas disso estavam sentadas lado a lado na casamata: Parreira e Zagallo, que fracassaram em todos, eu disse TODOS os clubes em que trabalharam, e só conseguiram uma cadeira para repousar o paletó no grande cabide de empregos do futebol brasileiro, a CBF. Parreira é um Joel Santana com as polaridades invertidas que o mundo decidiu levar a sério.

Essa semana vai ser toda dedicada a procurar explicações para a derrota da Seleção. Perda de tempo. Só existe uma explicação para isso, e ela está na frase do Parreira após a coletiva:

- Eu jamais poderia imaginar que o Brasil não fosse chegar à final.

Pronto. O técnico de uma seleção não pensa na possibilidade de seu time perder para outra grande seleção nas quartas-de-final de uma copa do mundo. A promotoria não tem mais perguntas. Depois disso, vai ficar difícil seguir chamando os argentinos, que deram o sangue em todas as partidas e foram honrosamente derrotados nos pênaltis por um adversário que jogava em casa, de arrogantes. Arrogantes somos nós.