1.7.06

Repartição Carlos Alberto Parreira


Quando se dizia que a Seleção tinha a cara do Parreira, era um pacote. O Brasil tinha o jeito do técnico porque tocava a bola inifinitamente como faz todos os times treinados por ele. Suas equipes são lentas, pacientes e, quase sempre, eficientes porque sabem aproveitar a hora certa. O Parreira nunca foi um treinador que soube fazer o seu time criar o momento. Se o momento não chega, o time dele perde com a bola no pé, trocando passes na intermediária até o apagar das luzes do estádio.

Quando se dizia que a Seleção tinha a cara do Parreira, a imagem era esta: um time que controla o jogo e sabe esperar o momento de dar o bote. Mas o Parreira também é um cidadão apático, quase depressivo. O time teve essa cara desde o início da competição. Parreira não tem emoções, tampouco a Seleção. No esporte, a frieza é importante nos momentos em que se precisa controlar a situação e se sobrepôr por pura superioridade técnica, mas inútil quando não há superioridade alguma. O Brasil virou o jogo contra o Japão porque jogava melhor, ainda que jogasse muito pouco aquele dia. Contra a França, jamais viraríamos a partida apenas esperando o momento certo. Desde o início do segundo tempo, estava claro que a França não deixaria a Seleção brasileira encontrar uma falha.

Era preciso cavar um buraco na Bastilha. E são nesses momentos que a garra transforma uma partida de futebol. Com iniciativa e entrega, talvez o Brasil tivesse alguma chance de assustar os franceses e forçá-los e falhar. A vitória ou derrota numa partida de futebol é conseqüência da razão entre os defeitos e méritos dos times. Nenhum time ganha ou perde sozinho, tudo depende da ação do adversário. Não dá para jogar todos os louros no colo dos franceses. O que a gente viu hoje foi um time que soube se aproveitar de todos os defeitos de uma equipe e outra que não fez o suficiente para mostrar suas qualidades e anular as qualidades do adversário. Com essa marcação frouxa, Zidane e Henry passearam no campo do Brasil. Mas até o Balalo faria sucesso naquele latifúndio.

A equipe brasileira não iria a lugar nenhum hoje jogando como a alma do seu mestre. Numa Copa de poucos espaços e de equipes muito iguais, treinadores que transferem energia e indignação para seus comandados fazem sucesso - Klinsmann, Felipão. Carlos Alberto Parreira não tem lugar num universo onde é o coração que está fazendo a diferença.

Nunca a eliminação foi tão merecida.

Vamos à cotação:

Dida - 7. Sem culpa.

Cafú - 4. Velho, perdeu no desempenho físico para os franceses, o que sempre foi seu forte. Nunca soube cruzar. Só estava escalado pela liderança que excercia em função da experiência. Pelo menos foi merecidamente substituído.

Juan - 6. Pior jogo da zaga. Mas não dá para culpar só a zaga quando não há marcação no meio-campo.

Lúcio - 6. Mesma coisa.

Roberto Carlos - 1. Nem dá para dizer qualquer coisa.

Gilberto Silva - 6. Junto com o Zé Roberto, era o único que dava combate, merece apoio pelo esforço.

Zé Roberto - 6. Dentro da merda toda que foi o time, fez o possível.

Kaká - 3. Medonho. Sumido, se deslocando pouco para receber a bola e errando muitos passes. Parecia que estava com a cabeça em outro lugar.

Juninho Pernambucano - 6. Não se destacou, mas não consigo vê-lo mal no jogo. Quando se pedia sua escalação, não era por causa da sua qualidade técnica ou criatividade, mas porque liberaria o Ronaldinho e daria mais equilíbrio à marcação. Ou seja, não era ele que tinha que brilhar. Funcionou nos 10 primeiros minutos, mas depois sucumbiu junto com o resto. Devia ter aparecido um pouco mais na saída de bola.

Ronaldinho Gaúcho - 5. Bem nos primeiro minutos, depois andou em campo. Não perdôo jogador que, nas quartas-de-finais de uma Copa, atrás no placar, perde a bola e não corre desesperado para roubá-la. Ele e os demais da frente tinham que ter se doado mais neste jogo.

Ronaldo - 6. Fica muito prejudicado se a as bolas não chegam nele, mas, como disse acima, faltou doação (pra todo time) no final. Cavou uma falta que podia ter mudado a história, pelo menos.

Adriano - Sem nota. Teve pouco tempo e nenhuma bola chegou nele. Até correu um pouco mais que o Ronaldo.

Robinho - 8. É a boa notícia da Copa. Todo mundo pega no pé do guri porque ele parece apenas um acrobata, mas mostrou raça e muito disposição em toda Copa. Neste jogo não foi diferente. Foi o jogador mais raçudo do Brasil junto do Lúcio. É até estranho constatar isso.

Cicinho - 7. Melhor que Cafú.