O Fim do Secador
Amigos, eu não seco mais. Desisti. Estou secando o Internacional desde o início da Libertadores, sem sucesso. Tive poucos momentos de alegria - o empate com o Maracaibo na primeira fase, a derrota para a LDU - e vários de esperança. Em diversos jogos me pareceu que qualquer time podia eliminar o Inter, mas isso não foi verdade.
Porque ontem o colorado não jogou com qualquer time. Dos semifinalistas, o Libertad é melhor que o Chivas e, na maior parte da partida, foi melhor até que o Inter. Tem atacantes rápidos (que não acertam no gol, é verdade) e um meia argentino careca muito, mas muito, chato. No segundo tempo, até os 18 minutos, o Libertad dominou o Inter e o prensou em seu campo, sem saída de bola ou qualquer alternativa adicional. Todos, até o Abel, viram que a bola passava direto pelo meio-campo colorado sem nenhuma intervenção, caindo no pé dos atacantes paraguaios, que levavam vantagem em quase todas as bolas altas. E então achou um gol - golaço -, deopis achou outro golaço, e botou o jogo debaixo do braço.
E por que eu não seco mais? Porque não tenho mais alternativas. O gremista secador tradicionalmente se apóia em alguns fatores:
Clemer
"Falharei uma, duas, tres vezes. E então haverá choro e ranger de dentes." Clemer 24:12. Mas esse é um evangelho do Mar Morto e enterrado. Ontem de novo o Clemer saiu feito um mongolão num cruzamento e largou a bola. O que aconteceu? Nada. O Clemer não vai mais entregar nada nessa Libertadores, ele está tentando desde o início do ano e não conseguiu.
Piazito driblador
Nosso amigo Alexandre de Santi tem uma tese interessante sobre o perfil do Inter, cuja torcida preferiria um futebol mais clássico e habilidoso. Talvez isso seja verdadeiro e provoque a aparição do que é quase uma instituição no Inter, o piazito driblador. O problema é que esse jogador costuma ser chato, dar olés, e na hora de decidir os jogos não faz nada. O Inter tem vários no grupo hoje, mas, para o secador, má notícia: o titular deles, Rafael Sobis, faz. Contra a LDU decidiu o jogo, ontem teve boa participação quando o time estava ganhando e precisava mostrar ao outro que a partida era vermelha.
A falta de tradição em copas
Isso é um eufemismo que a gente usa pra não irritar muito os colorados. Na verdade, gremista da minha idade nunca viu o Inter ganhar nada que preste e, pior, sempre viu o co-irmão ser eliminado da Libertadores e Brasileirões como se um sapo estivesse enterrado no Beira-Rio. "O Inter não é copeiro", eu me repetia mentalmente ontem. Aí uma equipe absolutamente pressionada pega a bola, dá pro jogador que mais decepcionava e ele acerta um golaço. Acende o estádio, a torcida enfumaça tudo e leva o time até o segundo gol. Isso é ser time copeiro. Em copa não precisa ser o melhor time do jogo, só precisa fazer dois gols e ganhar.
O Abel
Em tese eu ainda devia confiar que o Abel vai entregar. Com aqueles olhos injetados, ele segue vendo um jogo diferente de 90% da população gaúcha. Sem meio-campo, ele tirou um dos volantes (o melhor deles) e colocou um atacante agudo. Deu certo? Não sabemos, na primeira vez que o Renteria tocou na bola já estava 2 x 0. Mesmo assim, perdoem a repetição: estava 2 x 0. Ou seja, nem tentando o Abel conseguiu perder.
Eu não acredito que nenhum desses fatores vai resolver atuar contra o Inter justo na final. Não tenho mais toalhas onde me agarrar. Vou parar de secar. Vai ganhar quem tiver de ganhar, sem a minha interferência. Essa vida de torcer contra é muito cansativa. Agora só torço para o tricolor.
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