8.3.07

Bateu na trave, entrou no teu

Eu já tive a oportunidade de conhecer o Vaticano. Visitei a basílica de São Pedro. Assisti a uma missa do Papa (o de verdade, não esse de agora) no dia do Natal. Fui batizado e catequisado. Pretendo até, um dia, casar na igreja. Mas, mesmo com todos esses empurrões, minha fé católica praticamente inexiste. Só não digo que é nula porque tenho nome de apóstolo e sei rezar o Pai Nosso.

Acho que canalizei todo o meu potencial de crença para o futebol. Sou supersticioso, mandingueiro e seguidor das verdades absolutas do futebol. Chego a ser um conformista por acreditar tão piamente que não há com ir contra as verdades desse jogo.

Me conformei que o Inter seria campeão da américa já no primeiro jogo da semi-final contra o Libertad no Paraguai. Quando, num chute da entrada da área, a bola bateu na trave, voltou nas costas do Clemer e não entrou... a ficha caiu: a estrela está com eles. Fiquei angustiado os três jogos seguintes, meu lado torcedor me obrigava a secar; meu lado consciente me lembrava, em tom de consolo: não adianta ir contra, essa é a vez deles.

Depois de ver o segundo gol da Ulbra fui dormir sossegado, com a certeza de que um raio vermelho não cai duas vezes seguidas no mesmo lugar. E com a rapa da minha fé de católico orei: "Obrigado, Senhor".