Das Seleções

Não sei se é mérito do Basile ou é característica dos argentinos de quererem disputar a competição. Veio todo mundo que o véio chamou. No Brasil não vieram Kaká e Ronaldinho. Mas pra mim o pior foi o Zé Roberto ter pedido dispensa. Até não condeno a atitude dele: quando digo que o pior foi a dispensa dele, digo que foi pior para a equipe, porque com ele em campo, além da qualidade do cara o Brasil teria mais experiência e os jogadores, uma referência. Referência essa que o Robinho tenta ser, e que caiu no colo dele porque não tinha mais
ninguém pra tomar pra si a responsabilidade.
Voltando à Argentina. O Basile tá montando a melhor seleção possível.
Dessa seleção, o Verón e o Zanetti, por exemplo, não devem jogar a próxima Copa. Mas eles tão lá porque querem ganhar a Copa América e porque o Basile quer definir o padrão de jogo do time com eles lá. Quando eles sairem, os reservas que entrarem nos seus lugares saberão como o time joga. E o time não vai sentir tanta falta deles porque vai seguir o padrão de jogo. Mudam as peças, mas o esquema continua o mesmo.

Quando um time tem esse entrosamento que a Argentina tem, pode até se dar ao luxo de os craques não brilharem no jogo. Porque o time não depende do brilho deles pra ganhar. Dessa forma, se eles brilham o time estraçalha. Se eles jogam uma partida simples, "comum", o time
joga bem. E, por serem craques, podem jogar apenas bem e ainda assim terem momentos geniais, Como o passe do Riquelme pro primeiro gol, ou como o gol do Messi encobrindo o goleiro num toque simples, genial, preciso.
E aí é show.
Eu sempre achei que uma coisa errada do futebol brasileiro, principalmente da seleção, era os caras dizerem que com o nosso talento natural éramos indubitavelmente os melhores. Sempre achei que o talento natural, o gingado, o drible, deviam ser encarados como carta na manga, como fator diferencial, e não como fator de equilibrio. Deveríamos ter um esquema, um padrão de jogo. E o drible deveria se encaixar nisso. O drible seria uma espécia de recurso quando nada mais deu certo.
Mas o drible não pode ser "O" esquema de jogo.
Enfim, mais duas coisas que eu queria dizer:
1. É impressão minha ou a Argenitna tem técnicos de seleção muito melhores que o Brasil? Eles têm, de primeiro nível, o Basile, o Bianchi, o Menotti e o Bilardo. Tem ainda o Bielsa e o Passarela, que não são gênios, mas também não são imbecis. No Brasil atualmente, só o
Felipão eu considero de primeiro nível. O Luxemburgo pra mim ainda é mais marketing do que talento. E o resto ou é técnico de clube ou ainda tem muito o que provar. O que vocês acham?
2. Nada contra os jornalistas, mas contra o jornalismo imbecil.

Se não me engano, o contato dos Argentinos com a imprensa é bem restrito. Já os brasileiros dão entrevista a toda a hora e alguns tem até blog (!) direto das competições (ainda que tenham ghost writers). Queria ver uma Copa sendo disputada sem todo esse oba-oba pra cima dos jogadores da seleção. E sem tomar conhecimento do filho do padeiro da cidade do Robinho que jogava bola com ele quando eles eram pequenos.
Vicente
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