10.5.08

Tyson e o salto alto


Todo time grande que cai para a Série B vem com o mesmo discurso. Agora é o Coringão. Mano Menezes, que já tinha tido uma experiência com o Grêmio na mesma situação, em 2005, só quer saber de falar que o time paulista terá que se adaptar à maneira de jogar dos times da segundona, que abdicam da técnica (que sequer têm) e priorizam o bico para a frente e o esforço físico.

É difícil de entender. O que é melhor, é melhor e ponto. Se quem está na Série A atua com técnica, talvez esteja lá somente por isso. E se quem está na segundona não sai de lá, de repente tenha exatamente tal quadro como motivo.

Se para jogar contra o CRB o Coringão terá que jogar feio, com a justificativa de ter menos chances de vitória caso atuasse diferentemente, então que jogasse feio sempre (aí teria sempre mais chances de vencer os adversários de maior técnica futuramente). Aí, sim, faria sentido. A raça seria tida como prioritária na comparação com a técnica.

Na Série A, os oriundos da segundona seriam sempre os favoritos. Afinal, teriam mais possibilidades de lograr êxito perante inimigos despreparados para o seu estilo de jogo.

Tá certo que futebol não é para ter lógica mesmo. Mas um mínimo de coerência é sempre de bom tom.

Um paralelo seria o Mike Tyson lutar contra uma mulher de salto alto e colocar salto alto também só para se adaptar ao estilo de luta do adversário (neste caso, da adversária). Se assim fizesse, seria por pena do lado oposto. Se sabidamente a vantagem de um clube grande contra um pequeno é a técnica, onde é que está o fundamento para afirmar que nivelar por baixo aumenta a chande de sair de campo com os três pontos???