20.8.08

O texto é longo. Mas eu precisava desabafar.

O Inter contratou um time milionário e vai se dar mal. O Grêmio contratou o que deu com a grana e vai ser campeão brasileiro.

O que o Grêmio tem que o Inter não tem? A explicação é tão óbvia que dá até medo de escrever um texto lugar-comum. Simples: o Grêmio tem foco, o Inter não.

Dos anos 90 pra cá, o Grêmio descobriu um jeito de contratar e jogar que dá resultado, agrada a torcida e, de quebra, irrita a imprensa paulista.

Toda vez que os dirigentes seguem esse foco, dá resultado. Quer ver? Felipão, Paixão Dinho e Goiano em 95. Mano Menezes, Pereira, Nunes e Sandro Goiano em 2005. Celso Roth e uma gurizada correndo e marcando uma barbaridade em 2008.

Quando os cartolas desfocam, o resultado é desastroso. Lazaroni, Hélio dos Anjos, Plein, Cuca, Baloy, Bilica.

No Inter, Fernando Carvalho foi Campeão do Mundo e merece agradecimentos eternos por isso. Mas o mérito é muito mais da gestão financeira do que da política de futebol em si. Foi vendendo jogadores por milhões e contratando em grande número – com muitas contratações erradas no caminho – que o colorado conseguiu o título que o rival conseguiu chamando Jardel e Paulo Nunes, reservas de times cariocas.

Até ser campeão do mundo, Carvalho chamou caras bem diferentes para treinar o time, como Lori Sandri, Joel Santana (!!!) e Muricy Ramalho. Qual é a idéia de futebol em comum por trás desses três?

Foi assim com jogadores também. Até chegar num Tinga ou num Guiñazu, a torcida tem visto muito Pinga, Andrezinho e Michel (o Gabiru, por respeito, eu não vou citar aqui). Fernandão sai, entram Daniel Carvalho e D'Alessandro. São bons jogadores, mas preenchem a lacuna que Fernandão ocupava?

Resumindo: por não saber direito o que quer, o Inter tem que parir um porco-espinho para conquistar alguma coisa. E, como nenhum outro clube tem um jeito de jogar mais característico que o Grêmio, o tricolor constrói um time bem acertadinho com dois vales-transporte e um Ticket Refeição.

A coisa mais útil e perene que eu aprendi sendo publicitário é que focar é a coisa mais importante que existe. Seja para um anúncio, uma campanha, uma empresa, uma pessoa ou um clube de futebol.

O Inter dos anos 60 e 70 tinha foco como filosofia. Os jogadores contratados tinham que ter ao menos duas das seguintes características: força, velocidade e habilidade. Só isso já teria nos poupado do Orozco, por exemplo.