14.10.08

Futebol: interesse público vs. depravação privada



A década de 90 foi amplamente marcada pelo movimento de privatizações no Brasil. Reformistas eram tachados de neoliberais, e estatistas, de tiranossauros, ufanistas.

Se por um lado, o irracionalismo da premissa neoliberal deixava ao mercado a total coordenação da economia, o oposto também era nocivo ao papel do Estado brasileiro, inchado, moroso e insuficiente para atender as demandas dos cidadãos.

Eu, particularmente, sempre me situei mais ao lado dos primeiros, sem com isso defender a noção de estado mínimo; muito pelo contrário: a correta reforma do estado em países como Austrália e Japão foram modelos muito bem sucedidos. Promoveram a melhoria dos serviços públicos, através do fortalecimento da capacidade do aparelho estatal em fazer aquilo que só o Estado deve fazer, focando nas suas atividades essenciais, exclusivas e estratégicas.

Agora, se há algo profundamente promíscuo e nojento é esta clara intenção de sacanear o contribuinte brasileiro: a privatização do Maracanã. O Governo brasileiro gasta cinco vezes o que foi orçado para as obras do Pan, deixa o Maracanã novinho (cheiro de tinta fresca). Então, surge o seu Ricardo Teixeira - e a cartolagem carioca a tira-colo - mais as ISL”s da vida para se locupletar de forma tão escancarada e gozar da nossa cara. Aí, sim: a coadunação do pior da escrotagem pública e privada em prol do interesse de meia dúzia.

Enquanto isso, aqui na província, a terra dos botocudos, chorões e ressentidos, temos que montar nossos estádios, com recursos próprios ou de parceiros privados, para entrar na brincadeira da Copa do Mundo de 2014.

O que o Maraca custou aos cofres públicos daria para construir dois estádios.

Vamos reclamar para quem?