11.7.06

Cabeças quentes

O garoto Juca caiu na tentação de comparar os franco-argelinos Albert Camus e Zinedine Zidane.

"Em seu ensaio sobre o suicídio, Camus diz que este é o único mistério que realmente conta. E argumenta que, ao contrário do sentimento majoritário, o suicídio é um ato de coragem. O que Zidane fez, de certa forma, não terá sido um suicídio?", escreveu Kfouri e saiu de férias.

Mas é em outra obra de Camus (à esq. no melhor estilo Humphrey Bogart) que encontro situação mais parecida com a de Zizu. O romance O Estrangeiro é a história de Mersault, um carinha que caga e anda pra todo mundo e "em decorrência de circunstâncias absurdas, mata um árabe" (MARINO, Sub: 2001). Sobre a cena do assassinato, já foi escrita uma prateleira. Sobre os motivos do crime, uma biblioteca.

A cada 10 anos ou a cada 100 km, cada um lê de um jeito os poucos parágrafos em que Mersault desfere cinco tiros em um vulto que se aproxima sob o sol escaldante. Assim como há bilhões de interpretações para a cabeçada de Zidane em Materazzi.