Chora, cavaco!
Jogador que não chora depois de cair fora de uma Copa, ou pelo menos que não parece brabo, não pode ser de Seleção. Aliás, é difícil imaginar que possa jogar futebol.
Há mais de 100 anos existe futebol no Brasil. Esse tempo todo não foi suficiente para implantar no inconsciente coletivo de que este é um jogo de coração. Existe tática e ela vence jogos. Existe técnica, e ela vence jogos. Mas só se vence um campeonato com gana, raça, vontade. Não há campeão de copa do mundo que não tenha tido aplicação em campo. Que não tenha entrado com os dois pés pra disputar uma bola, gritado com o companheiro molóide, se esborrachado nas placas de propaganda pra conseguir o cruzamento na linha de fundo. Até o Pelé deu uma bocha num adversário em 70. Agora, na TV, tem uma matéria sobre Portugal e aparece uma imagem do Figo se matando pra evitar um escanteio. Coloquem o Ronaldinho nessa frase e imaginem se é possível existir uma imagem igual nos arquivos da tv fifa.
Os comentaristas que inventaram o quadrado mágico, quem odeia o Felipão, os piás paulistas com quem eu jogava na praia durante o verão de 95 e reclamavam que eu "batia", todos esses hoje estão na rua dando entrevistas pedindo garra para a seleção. Mas no Brasil passar o jogo inteiro só marcando um jogador é feio. O Emerson é "quebrador de bola", o Parreira diz que a Seleção nunca fez marcação individual em ninguém. Cento e muitos anos de futebol e o país da bola ainda não entende o que é preciso pra ganhar qualquer coisa.
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