21.8.06

A vida colorada pós-libertadores


Ou as perdas e ganhos de um clube que mudou mais na última semana que nas últimas dez temporadas.

Bolívar (foto) – dos jogadores que saíram, é o único que tem substituto à altura: Índio. Só que é preciso contratar algum reserva de luxo para não corrermos o risco de um improvável – e trágico – duelo Ediglê x Eto’o no Mundial. O outro zagueiro do grupo se chama Danny Moraes. Isso: Danny Moraes. Que atacante vai respeitar um zagueiro que tem nome de vocalista do Polegar?

Jorge Wagner – nosso sempre indeciso cobrador de faltas encerrou hoje sua 4617ª novela contratual desde que chegou ao Inter: vai para o Betis, eterno depósito de jogadores quase bons brasileiros. Alex, que já jogou de lateral-esquerdo e bate bem na bola, é o substituto mais provável, já que o mercado de laterais no Brasil é tão vasto quanto o mercado de travestis no Vaticano. No que depender da torcida, o substituto imediato é Ramon. Rubens Cardoso está na posição errada: deve ser amarrado no relógio do Centenário Colorado, para ver se leva umas boas pedradas de madrugada.

Tinga - Perdigão é instável e meio lento; Adriano é displicente; Michel é justificadamente odiado pela torcida. Tinga não tem substituto no Inter. E talvez não tenha substituto no mundo. Difícil encontrar outro meia que defenda e ataque com a mesma vontade que ele. Assim, é melhor procurar um meia com características ofensivas, já que Fabinho, Edinho e Wellington Monteiro estão sempre prontos para maltratar bolas e tornozelos. Gostei do pouco que vi de Guiñazu. Já ouvi rumores sobre Elano, Zé Roberto e Daniel Carvalho. Seja quem for, não pode ser menos que esses aí.

Sobis – bons tempos em que dava para fazer um “Fica Jardel” e manter um jogador aqui contando com a boa vontade do torcedor (se é que o Fica Jardel funcionou). Hoje qualquer Racing Santander estala os dedos e faz uma proposta irrecusável para nossos jogadores. Sobis também não tem substituto no Inter, e é pouco provável que, em três meses, Fernando Carvalho arranje uma solução melhor que Iarley ou Renteria para jogar ao lado de Fernandão. Disparado, a parte mais dolorosa do desmanche.

Torcida – Saem jogadores de nome, mas entra uma torcida como nunca se viu no Beira-Rio. No fundo, todo colorado sabia que o preocupante silêncio das sociais seria quebrado no dia em que o time levantasse uma taça importante. Foi o que aconteceu. Mais confiantes e com um punhado de novos gritos de guerra, os torcedores afastaram de vez a nuvem negra que pairava em cima do Beira-Rio. Agora a única preocupação é a nuvem branca dos sinalizadores, uma estupidez que quase resultou em gol do São Paulo quarta-feira passada.

Arbitragem – os juízes da Libertadores vão deixar saudade. Agora, a torcida colorada está novamente à mercê de sujeitos sem o menor critério: invertem faltas, distribuem cartões conforme o humor, trancam o jogo marcando até piscada de olho. Eu diria que todos os árbitros brasileiros merecem cadeia, mas tenho medo que, uma vez presos, eles armem algo mais ameaçador que o PCC.