Zebras e cornetas
A zebra estava solta hoje. Gama venceu o Vasco por 2x1 no Maracanã e eliminou o cruz-maltino da Copa do Brasil. O Fluminense perdeu em casa para o América de Natal, apesar de se classificar. Na Liga dos Campeões da Europa, os dois ingleses que chegaram com muita força nas quartas-de-final trupicaram: em casa, Chelsea empatou com o Valencia (1x1) e o Manchester caiu ante o Roma (2x1) - se bem que foi na cidade-luz, mas poucos apostariam no Roma nesse match.
Mas nada se compara ao que o Inter conseguiu fazer hoje. Na época em que eu era feliz, o Grêmio sempre se classificava com resultados paralelos e jogando mal, e o Inter sempre perdia quando só dependia de si mesmo. Não acreditei nem por um segundo que isso poderia voltar, visto que passei 2006 inteiro esperando o Colorado fazer o que sempre fazia (entregar jogos), e, como sabem todos, não aconteceu.
Por isso, quando o juiz marcou o pênalti sobre Pinga, fui na tv de plasma da firrrma, longe da minha mesa, mais porque tinha uma linda menina assistindo ali do que para secar o pênalti. Quando o Inter precisou chutar quatro vezes para marcar, farejei o desastre alheio, mas o trauma do Annus Horribilis de 2006 me impediu de ter fé. Fui pra casa mesmo antes de acabar o jogo, quando estava 1x1 em Inter e Veranópolis e em Glória e Novo Hamburgo, resultado que classificava o Inter.
Para quem não é do RS: se o Novo Hamburgo ganhasse e o Inter empatasse, roubava a vaga colorada. Se o Veranópolis perdesse e o NH empatasse, roubava a vaga de ambos. Eis que, aos 45 do segundo tempo no jogo do Inter, o Glória faz 2x1 no NH - o Glória é o penúltimo da chave, para medirem a zebra. Bastava ao Inter esperar terminar o jogo. Quando os colorados respiravam aliviados, o Novo Hamburgo empata, trazendo novamente o perigo. E ele veio, mas em forma de gringo: aos 49 minutos, um além do desconto prometido pelo juiz, uma bola foi alçada na área, rebatida, cabeceada, espalmada pelo Clemer e empurrada para dentro por Marcos Alexandre.
Dois a um, Inter eliminado. Neste momento eu estava chegando em casa de carro, descendo uma bela avenida da Capital, cheia de casas novinhas. Uma delas é a do atacante Christian, no Inter.
Achei justo celebrar a virada heróica buzinando e passando bem devagarinho em frente à residência dele e gritando: "Valeu, Christian" a plenos pulmões. Mas quem viu o jogo sabe que, para a corneta ser mesmo justa, era o Abel quem devia morar na minha rua.
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