20.6.07

Eu sei, mas não acredito

São meia-noite e cinqüenta e oito e eu ando com um copo de vinho pela casa. Passos curtos para a frente, passos curtos para trás. Tento de qualquer maneira me tranqüilizar. Impossível. A cada cinco, dez minutos estoura uma saraivada de foguetes. Meu apartamento é perto do hotel do Boca. Vou até a sacada. Buzinas ininterruptas na Carlos Gomes. Não é só filhadaputice e infantilidade da torcida gremista. Também traduz a necessidade de extravasar um nervosismo que eu mesmo sinto aqui, confinado em quatro paredes.
Para os de fora, convém informar. Passa no Rio Grande do Sul algo absurdo. Eu sei que o Grêmio perdeu de três e que é impossível reverter essa vantagem. Posso ver o Boca levantando o caneco hoje - vi ontem, no meu sonho. Eu sei de tudo isso, mas não acredito. Eu e metade do Estado acredita que o Grêmio vai sair campeão. É um absurdo, mas é um sentimento despegado da razão que se criou por aqui.