10.8.06

Chico


Desde terça, eu só pensava no Chico Spina. Tanta coisa acontecendo com o Inter e aquele nome ficava indo e voltando na minha cabeça. Chico Spina. Chico Spina.

É que eu comprei uma prateleira nova para colocar livros na minha sala, e, na mudança de uma prateleira para outra, encontrei o livro do Ruy Carlos Ostermann sobre os 90 anos do Inter. Comecei a ver uma foto ali, ler um depoimento acolá, e então aparece o Chico Spina.

Chico Spina era um jovem atacante do Inter em 1979. Um jovem atacante que irritava a torcida porque corria, corria, driblava, driblava, mas depois não sabia muito o que fazer com a bola. Nos primeiro jogo da final do Brasileirão, contra o Vasco, o time estava desfalcado. Falcão, que semanas antes demolira o Palmeiras na semifinal, estava fora. Chico Spina começou jogando, se não me engano, no lugar de Valdomiro, que também não pôde jogar.

Fez dois gols em pleno Maracanã e deu tranqüilidade para o Inter coroar, uma semana depois, sua campanha invicta, ganhando de 2 a 1 no Beira-Rio.

Rafael Sobis, de certa forma, lembra Chico Spina. Ano passado, era grande o número de colorados que se irritava com aquele driblezinho a mais, aquela demora na hora de chutar. Muita gente até achava que ele deveria ter sido vendido no auge, na temporada passada, porque mais que isso ele não jogaria, ainda mais depois da grave lesão que sofreu.

Eis que ele aparece, nos momentos finais da Libertadores, e começa a decidir jogo atrás de jogo. Chama a responsabilidade pra si. Abre espaço e chuta. E dá a impressão de que, ao contrário de Chico Spina, que se transferiu para o Ostracismo FC anos depois, Sobis vai além. Se a fase durar pelo menos até a próxima quarta-feira, já está bom para mim.