Abel x Muricy
Ao final da temporada passada, apesar de o Inter ter feito boa campanha no Brasileiro, o técnico Muricy foi embora. Foi contratado Abel, xodó colorado desde o final dos anos 80, mas que havia deixado escapar, com o Fluminense, a vaga na Libertadores no fim do campeonato.
Vários colorados amigos meus reclamavam do Muricy mas não viam treinador viável para o lugar dele. As opções ou eram do mesmo nível - o que não interessava, já que o objetivo era maior, a Libertadores - ou eram muito caras, leia-se Luxemburgo. Acabou vindo o Abelão para desespero de muitos, e meu regozijo pessoal.
Eu acho o Abel um treinador médio, só. Não gosto muito dos times que ele monta, ele tem a mania de empilhar atacantes e não tem por hábito ver direito o que está acontecendo durante a partida. Sem falar que a tragédia de 89 o acompanha: ele é o eterno vice. Mas o Muricy tem seus problemas e quase todos vêm da teimosia com que ele arma os times, forçando demais jogadores a se adequar ao seu esquema. Por isso, a briga tática na final muito me interessa.
E ontem o Abel venceu. Não só o Muricy, mas ganhou de si mesmo. Com 10 em campo desde os 11 minutos, o treinador são-paulino manteve os 3 zagueiros e optou por recuar o Leandro, que até fez boa partida mas não é do ramo da marcação. Aí perdeu opção de ataque, perdeu o meio-campo e manteve uma marcação muito da mocoronga na primeira etapa. Quando o Tinga percebeu a avenida que estava o lado direito do São Paulo, ocupado por um lateral que na verdade é um meia de ofício, ficou por lá e fez o Inter levar o pouco perigo do primeiro tempo. Mesmo com a expulsão de Fabinho, Muricy não aproveitou para tentar enforcar o meio do Inter, e seguiu com três zagueiros, dois alas (o Júnior tentava fechar pelo meio) e dois meias, um sobrecarregado (Mineiro) e outro dormindo (Danilo, que só sairia aos 23 minutos).
O Abel, então, deu um golpe de misericórdia no Abelão Ofensivista Entregador. Fechou mais o time com o Índio no lugar do Alex, ficando com três zagueiros mas com um meio povoado. Isso permitiu que o Inter suportasse bem a pressão do São Paulo, que só nos últimos 20 minutos jogou como o timão que é (perdão aos corintianos). O Abel fez o simples e volta com uma baita vantagem. A vantagem é tão grande que Tragédia pode ser a única possibilidade viável além da Consagração.
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