Atacante, essa praga
O Grêmio tem o melhor ataque do Campeonato Brasileiro. Soa irônico, já que a equipe entra em campo com apenas um avante, compondo o meio com cinco jogadores, mas estamos diante de uma tendência mundial: França e Itália disputaram a final da Copa do Mundo jogando também assim. Por que isso? Simples: o segredo do sucesso no futebol moderno é ser ofensivo com o mínimo de atacantes possível.
Pra ilustrar melhor essa situação, temos um exemplo bem próximo: o Inter. Pra quem não lembra, o campeão da América perdeu o campeonato gaúcho em casa para o mesmo Grêmio. Antes das finais do Gauchão, o time colorado jogava com três atacantes, patrolando seus fracos adversários na primeira fase da Libertadores. Na primeira partida da decisão, 0x0, com o tricolor dominando a partida e não ganhando por detalhe. Na segunda partida, Abelão tirou um volante, recuou o Tinga e colocou mais um meia-atacante. Grêmio novamente dominou a partida - com um time pior do que o que vêm jogando atualmente -, e, após empate em 1x1, o Inter perdeu o título no saldo qualificado. Com a derrota, os dirigentes deram uma pressão no Abel que, no momento decisivo da Libertadores, armou o time com dois volantes e dois meias que auxiliam na marcação - além do prestativo Fernandão, um atacante que volta pra compor o meio, exceção no Brasil. Inter campeão.
Sim, poderia ser diferente, mas atacante é que nem mulher gostosa: por ter um talento natural que agrada as multidões, acha que não precisa se preocupar com o resto. Nossos avantes, principalmente os mais talentosos, raramente ajudam na marcação. "Tô aqui pra fazer gol!", dizem os Rô-rôs. Há quem passe a mão na cabeça deles e comente: "deixem-os em paz, não nasceram pra marcar". Como é verdade na maioria dos casos, a solução encontrada foi minimizar o problema. Está dando resultado.
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