30.7.07

Bagdá em chamas
















No Brasil, a conquista de algumas medalhas pan-americans já é suficiente para resgatar a auto-estima de um povo, cansado de tantos escândalos de corrupção, ineficiência da máquina pública e tanta outras mazelas sociais. Agora, imagine o Iraque, conquistando a Copa da Ásia, uma nação trucidada, com todas as agruras aos quais seus cidadãos foram submetidos, nos últimos anos, fruto de uma política internacional danosa e irresponsável, promovida pela maior nação bélica e esportiva do mundo.

Sob o comando do brasileiro Jorvan Vieira - com passagens pelas seleções de Marrocos, de Omã, da Malásia, do Kuwaitt, do Egito e Portuguesa Carioca -, técnico desconhecido do público brasileiro, supreendeu a todos ao derrotar a Coréia do Sul nas penalidades, na semifinal, e na sequência, derrotou o time da Arábia Saudita, comandada pelo também brasileiro Hélio dos Anjos (boas lembranças do 5 X 2).

Nem as 50 mortes, ocorridas na festa da conquista da vaga à final, tiram o brilho e o significado dessa conquista da seleção iraquiana. Diante de um quadro caótico de instabilidade política e social, só o futebol foi capaz de trazer um pouco de alegria, e bem mais do que isso: uma evidência de que sunitas e xiitas podem partilhar do mesmo espírito de pertencer a uma nação. É a representação do sonho impossível, que talvez nem uma porção de décadas seja capaz de cicatrizar as feridas de tanto ódio e imcompreensão, mas que nos faz refletir que a intolerância irracional pode ser extirpada do nosso mundo, ainda que em momentos raros, e só prova que o futebol é o esporte mais mágico de todos.

Como eu gostaria de ver a seleção iraquiana enfrentando a seleção yankee na Copa das Confederações. Hey, Bush, vai tomar no...