31.7.06

Por que o vandalismo acontece.

1) Falta de educação do torcedor.
2) Falta de policiais para controlar a turba.
3) Falta de punição aos vândalos.

Para o item 1, não há solução em curto prazo. Para 2 e 3...

30.7.06

O Brasileirão pega fogo

Sobre o futebol do Gre-Nal que terminou agora mesmo, há pouco o que falar. Um 0 x 0 deprimente, daqueles que dão a impressão de que nunca mais a gente vai ver um gol em Gre-Nal.

Mas fora dele tem muito pra se contar. Ou muito prejuízo para contar: sanitários químicos destruídos, cadeiras queimadas, grades derrubadas e vidros quebrados pela segunda vez no ano, o que vai acabar convencendo o Inter, um dos poucos clubes que andam renovando sua infra-estrutura, de que investir no torcedor é colocar dinheiro fora. A Alma Castelhana do Grêmio deu um vareio na polícia, e, pelo jeito, o único que saiu preso dessa história foi um banheiro químico, que ficou entalado nas grades do Beira-Rio, pegou fogo e se vingou espalhando fedor pela avenida Padre Cacique.

Quando eu vi as imagens na TV, a primeira coisa que lembrei foi desse post que o Rodrigo escreveu semana passada, dizendo que o aumento do preço dos ingressos estava afastando o povo do futebol. É verdade. E vai afastar mais ainda. Daqui a pouco vai ser preciso deixar R$300 mais a ficha policial anexada para entrar em um jogo.

É ruim, mas foi assim que a Inglaterra conseguiu dominar o problema dos hooligans. A elitização do futebol é inevitável, e só poderia ser revertida na improvável hipótese dos governos apostarem em educação, o que levaria umas três ou quatro gerações para dar resultado. Até agora, o único candidato a presidente que falou em educação - e ninguém sabe se isso é um compromisso ou uma estratégia de marketing - não saiu de 1% no Ibope. Esse tema não toca muito fundo nem na alma brasileira, nem na castelhana.

Por isso, é melhor começar a guardar dinheiro para ver o Gre-Nal do Brasileirão de 2014. Aliás, falando em 2014, tenho certeza que a galera da Fifa também curte o YouTube, e deve estar vendo as cenas deste Gre-Nal, daquele Corinthians x River no Pacaembú e de tantos outros jogos que terminaram assim. É bom guardar dinheiro também para viajar para o Canadá na Copa de 2014.

28.7.06

Era do Espetáculo



Tudo bem que o Real Madrid é o time das estrelas. Mas ao contratar Walter Salles (foto), diretor de Central do Brasil e Diários de Motocicleta, a diretoria merengue mostrou que é muito mal informada. O craque da família é o João.

Conserve esse cartão


Sorte dupla. Isso não costumava acontecer com o Inter. Eu não tenho a menor dúvida de que, em 1989, aquela bola chutada pelo jogador do Libertad provavelmente bateria na trave e entraria. Em 1990, Maizena defenderia, mas daria rebote para um centroavante paraguaio mandar pro gol. Em 1996, a bola bateria na trave e nas costas de Goycochea, pra entrar lentamente no gol e selar uma derrota bem complicada para o Internacional reverter. E a mesma coisa aconteceria com André, Hiran e até mesmo com o Clemer das outras temporadas. Mas não aconteceu. A bola resolveu sair a centímetros do gol e mostrar que, nessa temporada, tudo pode ser diferente para o Inter.

Mas esse post seria injusto com os colorados se falasse só de sorte. Ontem tivemos a alegria de reencontrar o bom Fernandão de 2004. O cabeludo se movimentou o máximo que pôde, lutou, apareceu na área e quase fez um golaço. Sobis, Jorge Wagner e Bolívar, entre outros, também merecem elogios.

Quanto ao Libertad, não pareceu ser o timaço que os comentaristas de melhores momentos do SporTV pintavam. Teve seus lances de perigo, mas parece se aproveitar do gramado pequeno do Defensores Del Chaco para armar seus contra-ataques. Tudo indica que, no Beira-Rio, a história será diferente. Mas é melhor não dar bola para esse tal de Tudo, porque ele já nos traiu uma porção de vezes. É hora de Abel preparar o time para o provável retorno de Tinga, deixar o Gre-Nal para os reservas e ficar de olho no São Paulo quarta que vem. Isso, é claro, se a sorte não resolver aparecer só mais uma vez, e colocar o Chivas, aparentemente mais fraco, na final.

Bateu nas costas e não entrou


Como todo bom gremista, acostumado a vitórias do tricolor gaúcho e a tropeços dos colorados, nunca acreditei que o Inter pudesse ser campeão da Libertadores. Nem sequer conquistar um título de maior expressão que não o Gauchão ou Taça Governador Alceu Collares. A verdade é que continuo não acreditando.

Da mesma forma, sempre acreditei que o goleirinho do Inter (foto) eventualmente daria uma de suas entregadas e desclassificaria o time. Mas ontem um fato inusitado me assustou, me deixou angustiado, nervoso e passei a temer. A bola bateu na trave, nas costas do Clemer e não entrou.

Assusta, é claro. Todo bom vivente que vê suas crenças abaladas teme. No entanto, uma saída errada, uma espalmada pra frente, uma abertura exagerada das pernas põe o universo em seu curso certo.

Questão de estilo

Como será a primeira convocação? Não importa.
Ele não tem experiência? E daí?!
Será que é só um técnico-tampão-momentâneo-pós-copa? Só o tempo dirá.
Muito mais importante que o esquema tático ou a renovação do elenco, a grande questão que surge com a escolha de Dunga para o comando da Seleção Canarinho é essa: ele usará abrigo esportivo (como Felipão) ou terno e gravata (como Luxemburgo)?

A resposta é determinante para a definição de como será o comando do novo técnico à beira do campo.

27.7.06

O urubu é campeão

A beleza de ver o Flamengo campeão é poder ouvir o hino rubro-negro de novo. Que maravilha aquela fanfarra de metais na introdução, a alegria das marchinhas do Lamartine Babo e o verso "eu teria um desgosto profundo se faltasse o Flamengo no mundo". O Fla foi melhor e mereceu.

Aliás, na semana passada, estive no Rio de Janeiro e conferi a campanha mais doente da história da publicidade nacional. A Nova Schin agora é rubro-negra. Os outdoors, busdoors e demais portas estão por toda a parte. Ó, o Youtube não me deixa mentir:



Na passagem pelo Rio, pude ouvir também a rádio Transamérica FM, que faz a transmissão mais descontraída do rádio nacional. Na abertura da jornada do primeiro jogo da final, o narrador disse "Ninguém, NO MAIS LOUCO DOS SONHOS, poderia imaginar uma final com Vasco e Flamengo hoje!". Estava se referindo a atual ruindade dos clubes.

O taxista que me deu carona entre o Galeão e o Catete, um botafoguense, me disse que a própria torcida cruzmaltina vem ironizando a falta de qualidade do atacante Valdiram. Outro dia, teriam cantado "Ahã, ahã, ahã, levou gol do Valdiram" para o goleiro adversário, em ritmo de baile funk.

No Catete Grill, restaurante onde assisti o primeiro jogo da final, a piada entre os flamenguistas era a gordura do atacante Obina. Era a piada da cidade, na verdade. No outro dia, depois de fazer o primeiro gol rubro-negro, ele prometeu em todos os jornais que vai parar com o acarajé. Obina é baiano.

Enquanto isso, o Vasco é nono e o Flamengo é o décimo quinto na classificação do Brasileiro.

26.7.06

Pablo Nuñez


Descobri uma coisa curiosa sobre o que os argentinos sabem do Grêmio. Fora o fato de que quase ninguém sabe que o Ronaldinho Gaúcho aprendeu a jogar bola no Olímpico e que o Grêmio é um dos maiores campeões brasileiros de todos os tempos (2 campeonatos brasileiros e 4 Copas do Brasil), existe uma unanimidade positiva (ou pitoresca) em relação ao que o povo daqui lembra sobre o tricolor: o Paulo Nunes.

O interessante é que todos os torcedores do River citam o ex-camisa sete como se fosse um grande craque. Um taxista, que tinha 11 elementos alusivos ao River dentro do taxi, disse que uma vez viu um River vs Grêmio em que o Paulo Nunes mandou no jogo e que, por mais que ele xingasse, “el rubiocito” não parava. Ele também disse que, por causa do PN, o Grêmio era o seu time preferido. Mas isso eu acho que ele disse só pra puxar o saco. Depois disso, perguntei a três ou quatro torcedores do River por que o Paulo Nunes era tão conhecido. E todos foram unânimes dizendo que “ele dava um baile cada vez que jogava aqui”. Acho que isso foi nas Libertadores de 95 e 96, não lembro bem.

Na última conversa que eu tive sobre o assunto, eu fui obrigado a dizer que o grande craque daquele time era o goleiro. E terminei contando que uma vez ele estava numa boate chamada Dado Bier e que chegou numa amiga de um amigo meu dizendo "Oi, eu sou o Danrlei". E o resto vocês já sabem.

Burrô


O atacante Dodô, do Botafogo, artilheiro do Brasileirão, estão se transferindo para o futebol árabe. No meio da renovação do futebol brasileiro, com técnico novo, e convocação na terça-feira para amistoso contra a Noruega, é a atitude mais estúpida que eu vi um jogador tomar em muito tempo.

O Dunga já disse que vai chamar somente atletas que jogam no Brasil para a partida. Dodô não é carne nova, mas podia aparecer em algumas convocações nos próximos meses, aparecer no programa do Milton Neves, terminar o campeonato como artilheiro e se transferir para um bom clube europeu. Para quem joga no Botafogo, seria um pulo e tanto.

Pensando bem, o artilheiro do Brasileirão do ano passado se transferiu para a segunda divisão do campeonato norte-americano. Foi-se o tempo em que fazer um monte de gols era importante.

24.7.06

CRISE NA SELEÇÃO

O novo treinador do Scratch não consegue nem ver Ronaldinho Gaúcho pela frente, como mostram as imagens abaixo.


O novo comandante

Conforme antecipado pelo Linha Burra, Carlos Caetano Bledorn Verri, o Dunga, é o novo técnico da Seleção. Ricardo Teixeira faz o mesmo que em 1990, quando contratou um ex-craque da Seleção revelado pelo Inter para comandar a renovação do plantel, vergonhosamente eliminado na Copa. Tontín, como é chamado em espanhol, classificou a "vontade de vencer" como determinante para que joguem no seu time.

O Cucciolo, como é chamado em italiano, é respeitado por todo e qualquer jogador que já tenha vestido a amarelinha. E também costumava jogar na mesma cancha que a gente, na Maryland. A mídia daqui ganhou seu segundo técnico gaúcho na Seleção em cinco anos.

Dia desses, acho que na final da Copa, o Vilkas (como Dunga é chamado em finlandês), passou o jogo fazendo comentários muito pertinentes a respeito da marcação e da ocupação de espaços. É bom ter um treinador comprometido em não perder o meio-campo. O problema, apenas, é que Minsten (como chamam Dunga na Noruega) nunca treinou um time na vida. Bom, há tempos a seleção não é um time, então periga dar certo.

Ah, o futebol e suas idiossincrasias

Constatação inquietante do amigo leitor Marcelo Rosa:

Os treinadores de goleiros cruzam bolas seiscentas vezes ao dia, e seus cruzamentos sempre saem perfeitos, como costumamos ver nos aquecimentos antes das partidas.

Já os laterais, por mais que treinem, vivem nos presenteando com cruzamentos bisonhos - a atuação de Rubens Cardoso ontem não me deixa mentir.

Então, porque os treinadores de goleiros não são escalados para a lateral? Por que a gente tem que sofrer com o Ceará se o Schneider está logo ali, na casamata? Por que Cafu e Roberto Carlos, se a CBF tem dinheiro para contratar os melhores treinadores de goleiros do país?

23.7.06

39 mil - De verdade

O preço que se paga por ser mangolão: postei, abaixo, um post sem sentido, sem querer. Desculpem. Voltando ao assunto, ano passado a final da Libertadores foi em POA porque o coitado do Atlético-PR não tinha estádio com capacidade de 40 mil pessoas, exigido pela Conmebol. Apesar de ter o estádio-rrreferência de qualidade no Brasil, a Arena da Baixada.
O gancho era esse para falar das 39 mil almas que assistiram a brilhante vitória colorada na quarta-feira, contra a LDU. O "Gigante da Beira-Rio", como gostam de dizer os colorados, apresentava vazios constrangedores na arquibancada inferior, mesmo no lado do ataque do Inter no primeiro tempo. A direção colorada gasta dinheiro em anúncios nos jornais com o conceito "Libertadores: agora é guerra", conclamando as pessoas ao estádio. E coloca o ingresso mais barato a R$ 40.

Apenas 7 mil pessoas pagaram entrada na quarta, porque o Inter tem cerca de 30 mil sócios em dia, o sonho de qualquer clube pela receita garantida. De modo que sobra pouco lugar para eventuais, e por esses lugares o clube resolveu cobrar um valor inviável para o torcedor que ganha R$ 350 por mês. O "Clube do Povo", como os colorados gostam de chamá-lo, deu as costas para o povo quando a coisa ficou boa.

Esse não é um post anti-Inter, até porque aumentar absurdamente o ingresso quando o time chega em uma fase decisiva foi o que me impediu, em 1995, de ver o Grêmio meter 5 a 0 no Palmeiras. É uma triste constatação, de que pobre não tem mais lugar em estádio, de que o bom é aplicar de modo mais simplório possível a oferta x demanda (jogo bom = mais procura = ingresso caro). Os dirigentes tiveram 39 mil pessoas no jogo mais importante do ano. Lucraram, mas talvez percam no longo prazo. Quando eu era piá, virei gremista desgraçadamente fanático ao ver Grêmio 6 x 1 Flamengo, semifinal da Copa do Brasil em 89, e Grêmio 0 x 1 Corinthians, final em 95. Se eu não tivesse ido tanto no estádio em jogos importantes, talvez não fosse sócio do clube hoje. Também perdeu o sentido, também, uma discussão que ocupou muitos dos meus recreios na quarta série: qual é o maior estádio, do Grêmio ou do Inter. E não é porque, ao contrário da época, a piazada acha a resposta em 10 segundos no Google. É porque isso não importa mais.

Futebol para pobre é na TV. Pena que, na TV, futebol é outra coisa.

21.7.06

Não tem mais bobo na Libertadores

Quando foi a última Copa Libertadores sem times argentinos na semi-final?

Torcer pelo Libertad de Asunción é como torcer pelo São José de Porto Alegre. O São Paulo é menos time do que o colorado. Só um milagre tira a Libertadores do Inter. E eu não acredito em milagres.

20.7.06

39 mil pessoas

Ano passado, eu fui na final da Libertadores. O primeiro jogo entre Atlético-PR e São Paulo, um horroroso 1 x 1 com chuva e frio, foi jogado em Porto Alegre por uma razão simples: a Sul-Americana exigia estádios com capacidade para, no mínimo, 40 mil pessoas na final.

El Inter


Assunto é o que não falta sobre o bom jogo de ontem. Mas, enquanto não temos tempo para comentá-lo decentemente, divirta-se com os gols de Internacional 2x0 LDU, que ficam ainda mais bonitos narrados em espanhol.

19.7.06

Esquema anti-rebaixamento

Hoje eu levei mais ou menos meia hora para entender como funciona o rebaixamento no campeonato nacional argentino. O começo é fácil: os dois times com as piores médias de pontos por jogos disputados nos últimos três campeonatos vão pra segundona. Do outro lado, os dois melhores da segundona vão para a primeira, sem levar em conta qualquer média de pontos. O problema é o que vem depois. O antepenúltimo e o quarto pior colocado do atual campeonato da primeira divisão jogam um mata-mata com o terceiro e quarto da segunda. Então definem-se os outros dois que sobem ou descem, ou nada acontece caso os da primeira ganhem o mata-mata com os da segunda. Ou seja, dessa forma um clube grande cai pra segunda divisão com a mesma freqüência com que o cometa Halley passa perto da Terra.

Os bruxos

O Real Madrid contratou o zagueiro italiano Fabio Cannavaro e o volante Emerson, ambos da Juventus. Eu ia botar de título deste post "Agora só falta o Felipão", mas aí li que o treinador do Real é o Fábio Capello, também ex-Juventus. É a velha tática do treinador chamar os bruxos para o clube ao qual está chegando, muito usada pelo Tite, que levou ovelhinhas como Anderson Lima e Rodrigo Fabri de clube em clube. E até pelo Felipão, que levou o Arce e o Paulo Nunes para o Parmêra.

Parece que os merengues querem voltar a ganhar alguma coisa. Diz o ditado que time começa pelo goleiro, mas ditados costumam dizer muito pouco. Ter um bom time começa por manter a bola longe do goleiro, isso sim. Contratar o melhor zagueiro da Copa e o melhor volante brasileiro é uma baita prova de que no Real agora tem gente que pensa antes de assinar o cheque.

Sacanagem da grossa

A história me lembrou o causo do amigo Zédson. Ele, tricolor fanático, não aguentou a ansiedade horas antes da final da Libertadores de 1995 (vencida pelo Grêmio) e foi para o cinema no horário do jogo. Saiu no meio do filme e foi perguntar para o tiozinho da roleta quanto estava a partida. O tiozinho ouvia o jogo num rádinho de pilha. Pena que eu não lembro qual era o filme, daria um colorido todo especial à história.

A minha situação é a seguinte. Eu, colorado fanático, estou esperando no aeroporto de Curitiba por uma conexão para o Rio de Janeiro, onde o dever me espera. São 18h06min. O Inter pisa no Beira-Rio contra a LDU, pela Libertadores, em uma hora e nove minutos. É o Jogo do Ano. Da década, talvez. Desde o início da Copa, que paralisou todas as demais competições futebolísticas do planeta (exceto a brava USL), colorados não fazem nada além de ansiar por este jogo. Uma vitória simples nos joga de volta para 1989, com a chance de vingar a derrota para os paraguaios do Olímpia, desta vez enfrentando os paraguaios do Libertad.

Até hoje ao meio dia, tinha a garantia de desembarque na Cidade Maravilhosa por volta das 17h, com grande folga para chegar ao hotel e procurar a colônia alvi-rubra mais animada do Estado da Guanabara. Mas fuderam com a minha vida. O vôo que eu embarcaria atrasou quatro horas. Se eu embarcasse nele, perderia a conexão em São Paulo. Todas os demais aviões que partiriam de São Paulo ao Rio estavam lotados. Não havia mais vôo possível para mim. Todas as alternativas estavam em cheque em razão da falta de assentos. Só na listinha de espera. Na pior das hipóteses, eu chegaria em Guarulhos às 19h e veria o jogo por lá, enquanto tentaria uma vaga num vôo para o Rio mais tarde. Incerto, mas o futebol estava garantido. Havia ainda a possibilidade de embarcar somente no dia seguinte. Profissionalmente era muito ruim, mas, em não havendo escolha, satisfaria este coração colorado.

Pedi para entrar na lista de espera de um vôo para o Galeão que sairia de Porto Alegre às 15h, com escalas em Curitiba e Campinas. Horrível, mas eu ainda chegaria a tempo para ver o jogo. Eis que, contra todas as previsões, uma vaga abre neste vôo e eu saio todo pimpão pela sala de embarque. Durante o vôo, resolvo checar a passagem e entro em estado de choque: ganhei uma conexão alternativa, teria de desembarcar em Curitiba e embarcar para o Rio às 19h10min, cinco minutos antes do Jogo do Ano.

Daqui da capital paranense, sinto o cheiro do churrasquinho na esquina da Padre Cacique com a Otávio Dutra, o ponto médio entre o apartamento dos meus pais e o Beira-Rio, aqueles 100 metros de alegria que eu percorro com o distintivo colorado pulsante no lado esquerdo do peito desde criança. Desde ontem, já estava conformado com a idéia de perder a vibração dos 50 mil companheiros que estão lotando o Beira-Rio enquanto digito estas palavras, a 800 km de distância. Dei minha carteirinha de sócio para o EGS, fiel amigo de arquibancada.

Mas perder de ver o jogo na televisão é a mais alta sacanagem. Chegarei no Rio às 20h30, se não houver atrasos. Com sorte, encontrarei numa tevê ligada no 39 e verei os minutos finais. Não há dúvidas de que se trata uma punição divina.

O transporte aéreo de passageiros no Brasil está virado numa enorme e fedida rodoviária. Ah, vocês sabem qual companhia estou voando? Gol, meus amigos. "Gol".

O Incrível Hulk


Carlitos Tevez volta em grande estilo, fazendo a alegria dos fotógrafos e
do Linha Burra - sempre a imagem mais doente para você.

18.7.06

Os Gatos

Mais uma vez essa não foi a copa do futebol africano. Depois de chegar muito perto de duas semifinais nos últimos 3 mundiais, os africanos saíram da Alemanha de cabeça baixa, com apenas um representante entre os 16 finalistas que, como lembrança da festa, levou uma sacola de 3 gols pra casa. Os bons resultados parecem estar associados apenas às seleções de base do continente. São 4 títulos mundiais na categoria sub-17 e 4 vice na sub-20. A explicação mais lógica (e batida) está na superioridade física dos jogadores africanos. Mais precisamente naqueles atletas que nascem num ano e são registrados dali a 3, 4 anos. Na gíria: os gatos. Apesar de uma forte proliferação nas terras do Roger Milla, os gatos não são um privilégio das savanas. Wanderley Luxemburgo é o mais célebre caso de gato no futebol brasileiro (não meninas, se fosse nesse outro sentido a gente falaria do Raí ou do Van Basten). Com a superioridade física imposta por eles, os gatos (Saraiva, M. - 2001) , o caminho para títulos fica facilitado. A ousadia se torna uma obrigação para o bando de barbados que enfrenta assustados adolescentes com o rosto ornado de espinhas. Ela se enraíza no estilo de jogar futebol entre os 15 e os 20. E quando se chega ao futebol profissional, já não há como se livrar dela. O que antes era uma necessidade circunstancial, se torna um hábito. Porém, essa ousadia tem custado caro aos africanos. Com uma gana (o substantivo comum, não o próprio) desordenada eles se jogam famintos ao ataque e, sem a superioridade física de outrora a seu favor, vêm suas tentativas frustradas tornarem-se contra-atques letais contra linhas defensivas mal organizadas. A queda é iminente. No mundo animal, a ousadia também faz vítimas. Kanu, que era para ser gato e preto, mas foi entregue gata e cinza; se desequilibrou em um de seus passeios pelo parapeito do terraço na casa dos meus pais. Caiu de 12 andares e não está mais viva para saber se um dia o futebol africano vai conseguir vencer sem ajuda de seus companheiros de espécie. Os gatos.

A vingança do goal keeper

Eu sou corporativista, não adianta. Larguei dessa vida há mais de 10 anos, mas continuo vibrando muito quando aquela bola que parece já estufar as redes é defendida com "uma reação felina" de forma miraculosa!

17.7.06

De longe


Enquanto o Grêmio faz, segundo o Juca Kfouri, o melhor jogo do brasileirão, eu tenho que aguentar os trocadilhos do Olé e monotonia de ver o Boca ganhando mais um título. Pra quem é mal das vistas como eu, o título "Traigan Vino" é completado pela frase "Copas sobran...".

O título foi a Copa de Campeones e a vítima um tal de Godoy Cruz. Ainda não foi dessa vez que eu fui ver um jogo completo aqui. Vou esperar que comece um campeonato de verdade, onde nenhum time use calções da Mormaii (nº6 da esquerda)

Parece que o único capaz de impedir que o Boca ganhe mais um campeonato nacional é o Passarela, técnico do River. Os "gallinas" (torcedores do River) confiam cegamente no homem, que já mandou a seleção cortar o cabelo pra todo mundo sair bem na foto, pra calar os "bosteros" (torcedores do Boca).

Querem levar o Perdigão


Vem cá: só eu achei R$ 3,7 bilhões demais pelo passe do Perdigão? Ele até tem um bom passe, faz lançamentos precisos, tudo bem. A Sadia pode até ser uma grande equipe catarinense, tudo bem.

Mas R$ 3,7 bilhões é demais. Nem os direitos do Creedence valem tanto.

Clássico é clássico, e vice-versa

Jardel é o novo reforço do clube português Beira-Mar, que subiu para a primeira divisão do Campeonato Português. Um dos ídolos dos gremistas da minha geração está acima do peso, mas diz que o treinador lhe prometeu uma estratégia "para que a equipe alce bolas na área".
A falta de alguém que saiba cruzar uma bola afastou Jardel da Seleção, para a qual foi cogitado em sua fase áurea pós-Grêmio, quando foi goleador da Europa por duas vezes e fez 130 gols em 125 jogos pelo Porto. O cabeçudo deu azar ao ser contemporâneo do Roberto Carlos e do Cafu.
Também teve culpa ao acabar com a carreira mergulhando na bibida durante algum tempo, o que causou sua separação da Karen Matzembacher (ex-Márcio Santos). A separação o fez mais pinguço e globetrotter - jogou no Bolton (Inglaterra), Ancona (Itália), Newell's Old Boys (Argentina), Alavés (Espanha), Palmeiras e Goiás (Brasil), sem se firmar em nenhum.
Eu torço pro Jardel, quase tanto quanto pro Felipão e pro Cuca. Meu centroavante preferido, junto com o Adesvaldo José de Lima. Se o Lima tinha a desvantagem dos mullets e de ter ido pro Inter, para mim a imagem do Mário Jardel é quase imaculada: o homem é capaz de frases como "quando o jogo está a mil, minha naftalina sobe". Como não gostar?

Triste rotina

Eu estava pensando em escrever um longo texto sobre como o Inter conseguiu, pela 30ª vez em três anos, deixar escapar a liderença isolada do Brasileirão. Mas daí eu me dei conta que isso não é mais novidade. Deixa pra lá.

Para não perder a viagem, vou falar de Inter e LDU. Para quem não viu, o técnico da equipe equatoriana, adversária do colorado na próxima quarta-feira em jogo de volta pela Libertadores, deu uma entrevista à Zero Hora no sábado dizendo que o time está em frangalhos. Ele estaria demissionário, os jogadores que voltaram da Copa estariam deslumbrados com o Mundial, estariam ocorrendo problemas de grana, etc. A lista é grande de "problemas".

É tudo balão de ensaio. Nenhum técnico que estivesse mesmo com todos estes problemas abriria essa marmita de merda assim, na maior, para a imprensa da cidade adversária se não tivesse certeza que isso traria benefícios diretos para o time. Se tu é um técnico sério, tu esconde este tipo de problemas, evita falar destas coisas em público, ninguém quer uma crise através da imprensa. Isso é tática. É óbvio que a LDU quer colocar o Inter num enorme salto alto. Os neguinhos deles vão correr a milhão pelo Beira-Rio em busca de contra-ataques mortais. Um empatezinho os leva para a semifinal de Libertadores, duvido que o time não esteja absolutamente mobilizado para uma competição desse porte.

Ontem, a LDU ganhou o clássico contra o El Nacional, 1x0. Não tem mais bobo no futebol sulamericano.

Eu não caio nessa. Resta saber se o Inter vai cair. Tenho lá minhas dúvidas.

Legados da Copa (em vídeo) I

Não existe torcida no mundo como a dos holandianos. Eles são o Midas versão Cebion, tudo em que eles tocam vira laranja. É peruca, tamanco, chapéu de tirolês, fantasia de leão, chapéu de corno, pneu pra cabeça, cigarro, chiclete, tv, pantufa. Até limosine de câmbio manual totalmente pintada de laranja eu vi por lá. Uma verdadeira laranja mecânica! Ok, me empolguei. Pois numa noite em Leipzig, na véspera da estréia da Holanda, encontrei o cidadão do vídeo abaixo.



Às nossas queridas leitoras, lembro que Edwin Van der Sar é o goleiro titular da seleção holandesa.

16.7.06

Novidade

Agora temos uma barra de manchetes esportivas ali na direita. Cortesia do Último Segundo. A idéia é deixar o conteúdo desportivo mais perto dos nossos quatro leitores. Tem algumas notícias, como Harlei: "acho que não foi pênalti" (que está correndo ali do lado enquanto este texto é escrito), que a gente ia deixar passar em branco, mas talvez algum de vocês quatro está acompanhando o pujante Goiás e seria deselegante da nossa parte ignorar o assunto.

Só gostaríamos de deixar claro que não temos qualquer relação comercial ou editorial com com o conteúdo ali apresentado. Qualquer erro ou opinião são de inteira responsabilidade do fornecedor de manchetes.

Até porque a gente não se responsabiliza nem por nossos próprios artigos.

Agora que acabou a Copa, o assunto da pauta é Eleições (não reclame: poderia ser pior, o Pan 2007 vem aí para testar a elasticidade de nossas bolsas escrotais). Para guiar os leitores do Linha Burra nesta caminhada cívica, e aproveitar todo o conhecimento adquirido na Copa do Mundo, fizemos esta pequena cartilha, mostrando

QUAL SELEÇÃO DA COPA SEU CANDIDATO SERIA?


Lula
Como a França, o PT ganhou a disputa há alguns anos e tem alguns figurões no time. Mas a cabeça descontrolada de seu líder pode colocar tudo a perder.

Geraldo Alckmin
Convém não subestimar a força dos picolés de chuchu. Assim como a Itália, o PSDB é incapaz de empolgar um só sujeito na face da terra, mas acaba sempre garantindo uma vaga no segundo turno (ou na segunda fase).

Heloísa Helena
Não tem chances de vitória. Vai entrar na disputa para bater. Como a Austrália. Aliás, a Austrália surgiu quando os ingleses resolveram se livrar de seus presidiários. E o PSOL surgiu quando uns petistas resolveram se livrar de seus colegas ladrões de partido.

Cristovam Buarque
Prometeu focar toda sua campanha na educação. Isso diminui em muito suas já remotas chances. O Brasil também resolveu ser educado demais com os adversários. Resultado? Só levou para casa o troféu Fair Play.

José Maria Eymael
Nanico-símbolo da eleição. Só vem para encher o saco todo dia com aquela musiquinha “Ê-Ê-Eymael, um democrata cristão”. Parece a Suíça, que nos fez agüentar quatro jogos daquele futebol modorrento e sem gols.

Luciano Bivar
Cartola do Sport Recife. Amigo de Eurico Miranda. Promete soluções fáceis, como instalar quartéis em favelas e implantar o imposto único. Enfim, quer mesmo é chamar a atenção. Como a Croácia e sua camiseta de toalha de cantina.

Rui Costa Pimenta
Mesmo representando o PCO e seu grupo de radicais, sua participação vai ser tão rápida que ninguém vai dar bola. Alguém aí falou Irã?

15.7.06

Operação Mãos Limpas

Ontem, o Tribunal de Disciplina da Federação rebaixou a Juventus, a Lazio e a Fiorentina para a Série B do Nacional após denúncias de envolvimento no escândalo de arbitragem do futebol local. A Juve, fundada em 1897, manipulava sorteios de juízes para que os mais "camaradas" apitassem para ela. É como se o Flamengo nos anos 90 escolhesse sempre o Sidrack Marinho para apitar seus jogos.
Lazio e Fiorentina caíram porque costumavam se encontrar com os responsáveis pela escala de arbitragem depois dos jogos, para "agradecer". Outro punido foi o Milan, time do ex-premiê Silvio Berlusconi, mas esse não caiu - ficou na primeira, mas começa o campeonato com 15 pontos a menos e está fora da Liga dos Campeões. E vamos à análise:

- Torcedor da Fiorentina sabe o que é comer o pão que o diabo amassou. O time foi à falência anos atrás e caiu para a quarta divisão - eu nem sabia que isso existia. Agora que voltou e tem o campeão mundial Luca Toni, estapâf de novo. E eu achava que sofria sendo gremista.

- A Juventus começa a Segundona com 30 pontos negativos. É improvável, mas dá pra pensar na Juve caindo para a terceirona e aí, amigo, o clássico que eu sempre sonhei, Juventus (Turim) x Juventus (SP, distintivo acima), na rua Javari, fica plenamente viabilizado. A Mooca exulta com a possibilidade!

- Quem ganha é a Roma. Vai disputar a Liga dos Campeões. É como o Inter ser rebaixado no canetaço e o Grêmio, por tabela, ir à Libertadores. O sonho do secador. Eu tenho uma camiseta da Roma, agora vou usar. Como bom gremista, adoro uma virada de mesa.

14.7.06

A verdade

Muito se falou sobre o que motivou a reação do Zidane ao escutar algo que o Materazzi disse e, aparentemente, só os mudos da Globo compreenderam. Mas aqui está a verdadeira transcrição do diálogo entre ambos.

13.7.06

Os números não mentem. As letras, talvez

Segundo dados fornecidos pela Escola Superior de Futebol do Inter (Esfinter), o jogo entre Internacional x Ponte Preta foi mais movimentado e teve maior qualidade técnica que 74,6% dos jogos da Copa do Mundo.

Rei da gafe


O apresentador esportivo Fernando Vanucci, 55 anos, protagonista do vídeo mais engraçado do mundo desde que ele próprio apareceu devorando um biscoito ao vivo em 1999, comentou ontem sua aparição grogue no programa esportivo "Bola na Rede", comandado por ele na Rede TV! no último domingo (9). Ele lamentou o episódio, admitiu viver uma crise familiar e culpou o uso de um tranqüilizante pela fala desconexa e atordoada enquanto tentava avaliar a derrota do Brasil e a vitória da Itália na Copa do Mundo.

Leia o resto na Folha.

O vídeo está abaixo aqui no Linha Burra. É absolutamente impordível.

Ah, a deprê

Não, não é porque o Grêmio perdeu, porque o Ricardo Oliveira joga muito, porque dava nos nervos ver os jogadores do São Paulo caírem se contorcendo em qualquer jogo de corpo. É por causa do sr. Álvaro Azevedo Quelhas (RJ), árbitro da partida de ontem. Se na Copa as paradas para fair play deram um pouco nos nervos, no Brasileirão isso é um conceito inútil, desimportante. Simplesmente porque os juízes brasileiros não gostam de futebol, não gostam de ver bola rolando, não gostam de nenhuma disputa. O soccer tá quase virando football, não falta muito para termos intervalos comerciais nas faltas. O cara da TV já vai ficar ligado, olhando os lances, e quando um atacante correr para a linha de fundo perseguido por um defensor, já vai botar no ponto a propaganda - porque 9,8 entre 10 juízes dão algum tipo de falta quando existe uma briga pela bola.
Álvaro Azevedo Quelhas (RJ) é daqueles juízes que ficam falando o tempo inteiro, se justificando pros jogadores e dando cartões a rodo. São Paulo x Grêmio era um jogo bom, animado, com o Grêmio surpreendentemente jogando como o Armando Nogueira gosta, atacando o São Paulo, que é um timão. E aí um coitado gremista tropica no calcanhar do são-paulino e o mr. cartões interpreta como falta violenta por trás. Pronto, 11 contra 10, um time defende batendo, outro ataca caindo, e o jogo vira uma droga. Parabéns, juízes, vocês e os pontos corridos fazem do Brasileirão uma porcaria.

12.7.06

Voltamos à vaca fria

Lá pelas quarta-de-finais da Copa eu já sentia muita saudade do horrendos estádios brasileiros. Aquele cheiro mijo com churrasquinho, o concreto duro e cerveja Bavária (é a melhor marca vendida no Beira-Rio, pelo menos).

Ah, que delícia.

Hoje, sete jogos marcam a rodada de reinício do Brasileirão. Eu estarei lá, xingando o meu técnico, reclamando dos laterais e comendo amendoin torrado. Não tem nada melhor. Copa do Mundo é uma tortura: um mês de jogos pela televisão. Jogo na televisão - ainda mais com os péssimos narradores e comentaristas brasileiros - tem o seu limite. E o limite são exatos 30 dias.

No Uol, tem uma sensacional tabela com as mudanças nos times do Brasileirão que ocorreram durante o recesso. Clique aqui. Ali você descobre que os ex-colorados Diego e o Rodrigo Paulista foram parar no Figueirense que, por sinal, perdeu seu grande técnico Adílson Batista. Diego Tardelli foi parar no São Caetano que, por sinal, contratou Emerson Leão para comandar a casamata.

EI! O Sávio voltou ao rubro-negro carioca (azar o deles).

Os jogos de hoje. Nos encontramos no concreto frio:

Internacional x Ponte Preta
Atlético-PR x Fortaleza
Fluminense x Juventude
São Paulo x Grêmio
Figueirense x Santos
São Caetano x Botafogo
Cruzeiro x Corinthians

11.7.06

Ganhamos


Ao menos alguma coisa ganhamos nesta passada Copa do Mundo. O título de musa da Copa foi para uma brasileira. A eleição foi realizada por dois assessores do Tião: o anjinho e o diabinho. Ao fim, escolheram a única que atendia aos anseios de ambos. Espero que esta não seja modelo na Europa. Mas, sei não...

Bolacha Champanhe

Quem é bom, já vem do ovo e com o Fernando Vanucci não é diferente. O homem está sempre dando de schlap na monotonia. Casou-se (e separou-se) com a delegada e potrancuda Marynara Explode Coração. Depois mostrou ao vivo para o Brasil inteiro como é saborosa a Bono Doce de Leite. E agora, após a final da Copa, celebrou a vitória italiana com um delicioso sagu de cana.

Cabeças quentes

O garoto Juca caiu na tentação de comparar os franco-argelinos Albert Camus e Zinedine Zidane.

"Em seu ensaio sobre o suicídio, Camus diz que este é o único mistério que realmente conta. E argumenta que, ao contrário do sentimento majoritário, o suicídio é um ato de coragem. O que Zidane fez, de certa forma, não terá sido um suicídio?", escreveu Kfouri e saiu de férias.

Mas é em outra obra de Camus (à esq. no melhor estilo Humphrey Bogart) que encontro situação mais parecida com a de Zizu. O romance O Estrangeiro é a história de Mersault, um carinha que caga e anda pra todo mundo e "em decorrência de circunstâncias absurdas, mata um árabe" (MARINO, Sub: 2001). Sobre a cena do assassinato, já foi escrita uma prateleira. Sobre os motivos do crime, uma biblioteca.

A cada 10 anos ou a cada 100 km, cada um lê de um jeito os poucos parágrafos em que Mersault desfere cinco tiros em um vulto que se aproxima sob o sol escaldante. Assim como há bilhões de interpretações para a cabeçada de Zidane em Materazzi.

Ataque em legítima defesa

Zidane ganhou ontem a Bola de Ouro de melhor jogador da Copa do Mundo da Alemanha, ao sair vencedor na votação feita entre a imprensa credenciada do torneio. Como diria Teddy Roosevelt: "Futebol é pra homem, mermão".

10.7.06

Mudar não mudando

Os quatro leitores do Linha Burra podem começar a soltar os fogos estocados na Copa do Mundo: o blogue será mantido. Em decisão tomada no calor das últimas 24 horas, o Colegiado Imperial de Colaboradores das Organizações Linha Burra (CICOLB) optou por continuar as operações do fanzine cibernético com a missão de oferecer um serviço jornalístico de baixa credibilidade e compromisso para o torcedor alfabetizado.

Os maiores nomes da crítica esportiva receberam a notícia com entusiasmo. Segundo Armando Nogueira, “O futebol precisa dessa alegria, dessa molecagem, dentro e fora do campo, nas quatro linhas e nas entrelinhas. O Linha Burra é a irreverência, é o Dadá Maravilha dos blogs futebolísticos”. Outro que não escondeu a felicidade foi Joseph, o Blater, que abriu um largo sorriso ao receber a notícia. E comentou: “Trata-se de um esporte de massa, por isso entregamos a taça para a Itália”.

Neste mês de Copa, percebemos a falta que faz um bom site reunindo os fatos e interpretando-os do pior jeito possível, uma garrafa de rum vazia em um oceano de gente sensata que escreve todo o dia por aí. Onde mais encontraríamos tanto preconceito, tantas piadas machistas, tantas fotos de bundas? Na era do politicamente correto, nem a Playboy tem mais isso. Cumshots, handjobs, ebony, chicks, mature, hardcore, amateur e tudo mais
o que você sempre quis saber sobre badmington.

Porque, num esporte que tem cabeçada, bola no pau, impedimento passivo, marcação homem-a-homem, chuveirinho na área, bola no fedor, enfiada nas costas do Cafu e o time inteiro do Bangu, é preciso alguém que separe a informação séria da galhofa.

Quando você encontrar esse alguém, por favor, nos avise.

Abaixo a Catimba


O João Havelange, quando era presidente da Fifa, dizia que o futebol era perfeito e que nenhuma regra precisava ser mudada. Mas, após a horrorosa Copa de 90, decidiu dar uma de “esqueçam-o-que-eu-escrevi” e proibir o goleiro de pegar bolas atrasadas com as mãos. A mudança funcionou, deixou o esporte mais emocionante e foi aceita pelo mundo inteiro, com exceção do Carlos Simon.

Agora, depois de mais uma Copa modorrenta, a Fifa de Joseph Blatter discute outras mudanças na regra. Já pensaram em diminuir o número de jogadores em campo para aumentar os espaços. Pode ser um teste interessante, mas esse não parece ser o problema. A gente já cansou de ver jogos de dez contra dez, e isso raramente faz deles um thriller.

Também já falaram na solução mais fácil e óbvia: aumentar o tamanho das goleiras e transformar todo goleiro num Jorge Campos em potencial. Essa é a pior alternativa de todas, porque os menos culpados de toda essa chatice são as goleiras e os goleiros. Nessa Copa, alguns deles poderiam ter ido até o vestiário, lido “Em busca do tempo perdido” três vezes, escrito uma resenha para a Ilustrada e voltado, que o jogo continuaria 0x0.

Goleiros vivem tomando gol por aí, alguns até facilitam por demais a tarefa, desde que haja um pré-requisito básico: o arremate a gol. E foi isso que faltou durante a Copa: os jogos foram disputados na intermediária, culpa do 4-5-1 que os treinadores insistem em utilizar, sem nem pagar royalties para o Mano Menezes. Como não dá para prender e autuar os retranqueiros por aí (o próprio Linha Burra sofreria prejuízo com isso, perdendo Loco Abreu, um de seus principais colaboradores), o negócio é agir para combater o primo-irmão da retranca: a catimba (foto).

A Fifa deu todas as brechas imagináveis para a catimba correr solta no futebol mundial: pediu para os juízes serem rigorosos, se negou a usar o spray para medir a distância das barreiras, e ficou insistindo no Fair Play a ponto de qualquer drosófila que pousa na perninha do atacante ser suficiente para interromper um contra-ataque. Agora, o Blatter que dê um jeito nisso, mandando os juízes pararem de aparecer, orientando todos eles a dar mais tempo de acréscimo (depois da cabeçada do Zidane, o Horacio Elizondo deu um mísero minuto a mais na prorrogação) ou, quem sabe, parando o cronômetro em todos os lances, como no futsal.

E que a Fifa faça isso já nesse Brasileirão, porque, se a Copa já foi insuportável, eu não quero imaginar como vai ser o próximo Fortaleza x São Caetano.

Toma!

Agora todo mundo pode dar cabeçada no Materazzi.

Mistério desvendado

EXTRA! EXTRA! Linha Burra traz em primeira mão a revelação do que o italiano Materazzi falou para Zizu e que desencadeou irada revolta:

"Qual o problema, Zizu? Seu franguinho."

9.7.06

Meu papel era ficar parado

Roberto Carlos explicou hoje no Fantástico que seu papel era ficar parado no lance do gol do Henry.

Veja a entrevista aqui.

A Globo fez um excelente trabalho jornalístico comparando o lance do gol francês com outras jogadas de bola parada na área brasileira. De fato, RC fica parado em todos os cruzamentos. O Parreira não treinou lances de bola parada, é a única conclusão possível. É isso ou ele treinou mal, o que é muito pior.

Update

O Fantástico acaba de trazer novas informações sobre o já célebre diálogo Zidane-Materazzi. O zagueiro teria utilizado dois "fortes" palavrões contra a irmã do ex-craque francês e outro argumento baixo contra o próprio camisa 10. Infelizmente, o Fantástico não trouxe os termos extatos. A busca continua.

Em tese, não seria tão difícil encontrar um surdo italiano em São Paulo. Bastava a produção da Globo ligar para a Cosa Nostra e pedir a indicação de um desafeto que teve a língua arrancada por mãos mafiosas nos últimos anos.

Tem uma grande ironia aqui que ninguém está falando: o Materazzi era o jogador mais violento desta Copa, disparado. Procure nos arquivos do Linha Burra.

Breaking news

Deu no fantástico agora. O Materazzi teria falado alguma coisa sobre a irmã do Zidane. E mandado o mago francês à puta que pariu.

A equipe de Linha Burra está toda mobilizada para encontrar novas informações sobre este caso. Propostas de pagamento em dinheiro serão analisadas para quem encontar uma foto da mademoiselle Zidane.

Novos plantões a qualquer momento.

Adeus, Zizu

Na casa do Vicente, das 10 pessoas que assistiram à final, só as gurias acharam babaca a cabeçada do Zidane no Materazzi (imagem do lance no post abaixo). Os outros, eu incluído, acharam divertidíssimo a cabeçada no plexo solar, lance cara-de-pau ao extremo e agressão infantil - bater em lugar que não sangra não tem a menor graça, diz o Manual do Matacobra.

Já no caminho para casa, pensei melhor no assunto. Quando o lance aconteceu, a França estava melhor no jogo (como esteve do segundo tempo até o final) e a sensação de gol francês era forte. Olhando o lance, não deu para pensar na França perdendo a final e o Zidane sendo expulso no seu último jogo da carreira. Perspectiva, quem tem numa hora dessas? Pois agora, lendo uma manchete que dizia "Agressão marca
fim da carreira de Zidane" comecei a achar ruim o que aconteceu. Porque se o Dunga terminasse a carreira fazendo isso numa final de Copa do Mundo, tudo bem: seria um ótimo resumo da carreira. Mas o Zidane? Quem já viu o cara perder a cabeça? Nem gol ele comemora fazendo esparro. Ficou parecido com novela ruim, quando o personagem muda completamente o jeito de ser só pra aumentar a audiência.

Sem falar no Complexo de Fair Play que acometeu a Fifa, os jogadores, comentaristas, o mundo do futebol. Amanhã todos vão criticar o Zidane porque terminou a carreira com "violência" quando aquilo foi tudo, menos violento. E eu vou ficar ouvindo aquele monte de comentários sensatos sobre a beleza do esporte, etc, etc, etc. Discursos de mãe quando tu chega embarrado e sangrando viajando no éter físico pelas ondas de rádio e tv, impressos nos jornais. E quem gosta do verdadeiro futebol, onde homens não são sensatos coisa nenhuma, vai ter de ficar ouvindo.

Se ele soubesse que ia causar tudo isso, não teria feito o que fez. Saía da Copa dando balãozinho. Já vai tarde, francês desgraçado.

Incógnita


Após 24 anos de seu último título mundial, a Itália, tal qual o Brasil, é tetra vencendo nos pênaltis. Justo ou não, ficou uma dúvida no ar, uma incógnita, uma pergunta ensurdecedora que não quer calar: o que diabos o Materazzi falou para irar o Zidane (foto) a ponto de receber uma chifrada.

Para a maioria, a Copa acabou. Mas para a esquadra de surdos leitores labiais do Fantástico está apenas começando.

8.7.06

A pior de todas

Essa foi a pior Copa do Mundo de todos os tempos. Eu posso queimar a língua caso França e Itália façam uma partida memorável nesse domingo. Mas acho bem difícil que essa final aumente a menor média de gols em copas, 2,2 por partida. A moral desse mundial para o pessoal do Bacharelado em Matemática foi "Depois de um 2 x 1 é muito provável que venha um 0 x 0". E foram muitos 0 x 0 para uma competição tão curta, 6 no total. Alguns empates sem gols foram emocionantes como o de Portugal e Inglaterra e outros, insuportáveis, como Suíça e França na primeira fase.

A verdade é que a torcida quer ver gol e não importa quantas bolas foram na trave e quantos pênaltis o goleiro salvou. Zero a zero é sempre o placar de um jogo que fica esquecido na memória e complica a vida dos caras que editam os gols da rodada no Fantástico.

Não torço pra ninguém amanhã. Depois dos 4 gols de Alemanha e Portugal, aumentaram muito as chances da Itália decidir outra final nos pênaltis.

7.7.06

Ao Leovegildo, com carinho

Reviramos o baú da memória esportiva brasileira, numa força-tarefa que envolveu vários articulistas do Linha Burra, para prestar uma digna homenagem ao patrono-mór de nosso blog.

A partir de hoje, Leovegildo Jr., o Júnior, o bigode, o homem do "voa canarinho voa", passa a habitar o topo esverdeado do local para sempre imortalizado por seu gesto. Bem-Vindo ao Linha Burra.

O choro de Lúcio

O zagueiro Lúcio, um dos únicos destaques positivos da Seleção Brasileira na Copa 2006, declarou à Folha de S. Paulo que chora todo dia desde que a Seleção foi eliminada da Copa 2006.
- Choro todos os dias, quando falo com minha mulher. Para meus filhos, foi difícil. Minha filha (Victória, 8 anos) chorava de soluçar. É difícil saber que você não pode voltar no tempo e mudar as coisas.
O jogador do Bayern de Munique decidiu após a derrota não ver mais nenhum jogo do Mundial da Alemanha. E afirmou que ficou sem saber o que fazer após o juiz apitar o fim da partida com os franceses.
- Fui para o vestiário, mas demorei muito para trocar de roupa. Que ânimo eu tinha para trocar de roupa? Ficou todo mundo triste, chorando, foi muito ruim. E a derrota ainda dói muito.

Os que jogaram muito choraram. Os que não jogaram nada se abraçaram rindo com os franceses. Isso não é coincidência.

6.7.06

A Justiça tarda e falha

O pesadelo de Gilberto, reserva da Seleção, ainda não terminou. Nesta quarta-feira o carro do lateral-esquerdo, um Audi A3, foi apreendido na Linha Amarela, no Rio de Janeiro, por policiais militares. Segundo a polícia, o jogador não pagou o IPVA de 2002, calculado em cerca de R$ 1,5 mil, e não fez a vistoria. (...) "O problema era só no licenciamento porque o carro veio de Porto Alegre, onde eu morava. O policial quis os seus 15 minutos de fama. Não havia necessidade de apreensão". via Terra

Em 1994, os tetracampeões tiveram aqueles probleminhas com a alfândega, mas a cozinha que Branco trouxe dos EUA acabou chegando com a ajuda da euforia. Entendo que ninguém queira aliviar a barra dos jogadores este ano, mas logo o Gilberto? Entrou num jogo, jogou bem e fez gol e ainda deu entrevista no aeroporto enquanto os verdadeiros culpados se escafederam. Assim não dá.

Bola de ouro

A Adidas e a Fifa lançaram a lista de candidatos a Bola de Ouro. Em quem vocês votariam?

Thierry Henry (França)
Patrick Viera (França)
Zinedine Zidane (França)
Michael Ballack (Alemanha)
Miroslav Klose (Alemanha)
Gianluigi Buffon (Itália)
Fabio Cannavaro (Itália)
Andrea Pirlo (Itália)
Gianluca Zambrotta (Itália)
Maniche (Portugal)

Acho sacanagem que eles divulgam o vencedor antes da final, quando tudo pode mudar - lembrem-se de 2002, ano do agraciado Oliver Kahn. Estou entre Cannavaro, Zidane e Pirlo.

Gol de Sócrates

Futebol filosófico, por Monty Python, numa reflexiva partida entre Alemanha e Grécia. Altamente recomendada.



Agradecimentos a Alvaro Bueno.

5.7.06

Pra não odiar a França

Vou ser bem sincero: tentei odiar o time da França, mas não consegui. Aliás, comecei a simpatizar com os bleu que jogam de blanc durante o jogo com a Espanha - claro, não simpatizei a ponto de apostar contra o Brasil no bolão dos companheiros de Linha Burra, botei 2x1 pra nós, sou um fracasso em bolões.

A França é a seleção com média de idade mais elevada na Copa. Não por coincidência, a sua base é formada por jogadores que foram campeões mundiais, muitos com plano de aposentaria. Ou seja: um time com atletas famosos, consagrados, com a vida ganha, que nada têm a provar. Uma seleção tal qual a brasileira.

Muito se fala em raça e vontade nessa Copa, que faltou ao Brasil, mas que sobrou para Portugal, Itália, Inglaterra, Argentina e Alemanha. Não foram utilizados esses adjetivos para qualificar a França. Por uma razão: raça e vontade não foram determinantes para a classificação francesa à final da copa, e sim organização tática e talento.

Os franceses estão sendo nessa Copa o que os brasileiros deveriam ter sido: o time dos macacos velhos. Nem dói dizer isso.

O triste vôo do Beija-Flor


O Banco Central está prestes a tomar uma medida que vai tolhir a liberdade de expressão do torcedor de futebol no Brasil. É um atentado contra a livre manifestação. A nota de um real sairá de circulação, sendo substituída por moedas de mesmo valor.

O argumento do BC é nobre: uma cédula tem vida útil de 12 a 14 meses, enquanto moedas duram 30 anos. Mas está na cara que o doutor Henrique Meirelles jamais pisou numa arquibancada de concreto e assistiu ao seu time perder vergonhosamente num sábado de frio e chuva. Como o torcedor vai protestar contra os jogadores? Como chamaremos os atletas mais molengas de mercenários? O brado da cédula de um real no ar, ao som de palavrões furiosos nos estádios, é uma das mais contundentes formas de manifestação coletiva que se tem notícia.

O Banco Central espera que brademos uma nota de dois reais? Qualquer um se corromperia por dois reais, é o dobro do valor considerado aviltante pelo torcedor. Vamos sacudir moedinhas ao alto? Não tem o mesmo impacto visual, a moeda fica quase invisível na mão do torcedor.

Além de acabar com o legítimo protesto da arquibancada, o BC está colocando em risco a integridade dos jogadores. Não se surpreenda se o torcedor passe a jogar as moedas na direção do campo. Um real não vale nada mesmo.

O patrono do Linha Burra

1982. Brasil empata com a Itália em 2 a 2 no Estádio Sarriá.

"Escanteio na direita do ataque italiano. Bruno Conti cobrou, a defesa brasileira afastou mal e Marco Tardelli chutou fraco de fora da área. A bola caiu no pé de Paolo Rossi na cara do gol. Terceiro gol dele no jogo. Ele não estava impedido - culpa de Júnior."
- NEVES, Milton in A História das Copas, Placar, São Paulo, 1998.

Neste momento, Leovegildo Lins da Gama Jr, o Júnior, cunha a mais famosa expressão de culpa da linha burra: levanta o braço pedindo a posição ilegal do italiano. Confira abaixo em dois momentos.
Na primeira figura, o exato momento em que Leovejúnior olha para o bandeira pedindo a anulação do tento. Em seguida, braço erguido como todo bom culpado da Linha Burra, reclama com o juiz. Um momento triste para o Brasil, mas um gigantesco passo para a honestidade dos zagueiros mundo afora. Daquele dia em diante, há uma ferramenta automática de confissão de culpa incutida na mente de todos eles. Valeu, Júnior!

Credo, que jogo


Ah. Delícia voltar a acompanhar o bom futebol. Times interessados, marcação pegada, correria em cada contra-ataque, garra, juiz que não marca falta besta, golaços no final, nada que o Brasil poderia nos proporcionar.

A Azzura mereceu, vitória por pontos, com muito suspense dos juízes. Ganhou o time que soube arriscar no finalzinho e ganhou o time que tinha banco. É quase imperdoável deixar um jogador como o Del Piero na casamata, não dá para entender. A impressão é que na Itália se escala jogadores apenas por altura e força, única razão para levarem três jogadores absolutamente iguais para o ataque: Iaquinta, Toni e Gilardino.

Mas a Alemanha sai com a cabeça muito erguida, não se entregou em nenhum momento, tava chutando bola de dentro da área adversária aos 14 e 30 da prorrogação, perdendo de 1 a 0. Nesse lance, Canavarro dominou (melhor zagueiro da Copa, imaginem se o Nesta volta para a final) , largou pro Totti, que lançou o Gilardino, que deixou quase sem olhar pro Del Piero meter no ângulo depois de correr incríveis 78 metros sem que ninguém o acompanhasse, única falha gritante de marcação em todo o jogo. Foram 78 metros mesmo, o Sportv contou para mim.

Que gol, heinhô, Batista?

Deu pena dos alemães, mas foi daqueles jogos não haveria injustiças fosse qual fosse o vencedor -desde que a coisa toda não chegasse nos pênaltis. Foi daquelas jornadas que todo mundo ganha, que a Copa ganha, o torcedor ganha, o telespectador ganha, o esporte ganha, a História ganha.

4.7.06

O amigo do Bróduei


Esqueça a seleção. Odeie Bruno de Luca, ex-gordinho da Malhação e atual copinho do Caldeirão do Huck.

Na Alemanha cobrindo a Copa para o seu site, Bruno de Luca ficou de férias com a saída do Brasil da competição. Seu nick no MSN ontem era: “Agora é só night, obrigado, Parreira”. (O Globo)

A pergunta que fica

Será que Cafu e Roberto Carlos realmente fizeram um plano de previdência no Santander Banespa?

Comunicado oficial

Do blogue do Roberto Carlos. Ele realmente deixou a Seleção. E disse que não teve culpa no gol.

Uma história de vitórias
Prezados amigos,

Primeiro desculpem-me por demorar para postar sobre o jogo contra os franceses. Foi muito triste ter que deixar a Copa do Mundo. Tenho certeza que dei muitas alegrias ao meu povo e que sempre entrei em jogo com a camisa da seleção para ganhar. Fiz de tudo para vencer esse jogo. Só quem está dentro sabe a pressão e as dificuldades que existem em uma Copa.

Sobre a jogada do gol, muito se fala, mostram imagens, mas meu posicionamento estava correto. Era o que eu tinha que fazer, mas por uma falha tática nossa não deu certo. Não foi apenas por isso que saímos da copa, foram 90 minutos em que as coisas não deram certo.

Quero seguir minha carreira nos clubes e em breve vou tomar uma decisão sobre onde jogarei a próxima temporada. Na seleção minha história terminou. Quero abrir espaço para uma renovação. Espero que possa entregar essa camisa seis para alguém que siga essa vitoriosa história. Agradeço aos meus companheiros e a torcida que sempre estiveram ao meu lado. Um abraço a todos vocês.



Pra ninguém dizer que eu sou feito de puro ódio, aqui vai o melhor momento dele na Seleção.

3.7.06

Guia Linha Burra sobre o futuro técnico da Seleção

Tão logo a mídia largou o osso do “quadrado mágico”, já foi correndo cavar à procura do osso da “renovação”. Especulações surgem a todo instante sobre o novo técnico do Brasil. Para ajudar o trabalho da CBF, o Linha Burra resgatou a biografia de alguns indicados. E de alguns não-indicados também, já que a CBF adora buscar uns Lazaronis do nada.

Wanderley Luxemburgo – Tá se coçando pra assumir (o cargo, gente, o cargo). Já foi até em programa de TV dizer “tô aí” pro Ricardo Teixeira. Currículo ele tem. Ganhou vários campeonatos brasileiros, treinou o Real Madrid e fez um lindo poema em homenagem a Londrina, dispinível nos arquivos deste blog.

Paulo Autuori – Perigo à vista. É tido como frio, racional, “estudioso do futebol”. Exatamente como os protagonistas de dois dos maiores fracassos da Seleção: Cláudio Coutinho e Carlos Alberto Parreira.

Dunga – tem currículo. Foi treinador do Brasil tetracampeão em 94. Ou depois de anteontem você ainda acha que o Parreira é técnico de futebol?

Muricy Ramalho – É teimoso, cego, burro, tosco, mas tem algo que anda faltando para a seleção: mau humor. Onde já se viu o Cafu e o Ronaldinho rindo o tempo inteiro durante os jogos? Chega. Essa seleção precisa de carranca.

Abel Braga – Se é pra ficar escalando “quadrado mágico”, jogar “o futebol bonito e pra frente” que caracteriza o Brasil, melhor chamar ele de uma vez, e não um retranqueiro notório como o Parreira.

Ricardo Teixeira – a solução para todos os problemas do futebol brasileiro. Ele assume a seleção, perde umas duas ou três partidas, a imprensa pressiona e ele é demitido da seleção, saindo finalmente do comando da CBF.

Hélio Vieira – Mais de cinco temporadas bem-sucedidas treinando o Brasil. Tá, tudo bem, foi o Brasil de Pelotas, mas o futebol dos dois não anda tão diferente assim, anda?

Zé Mário – treinou o Inter em 2000/2001, uma temporada antes de Carlos Alberto Parreira. Com Zé Mário, o time chegou às quartas-de-final do Brasileirão; com Parreira, amargou uma 11ª posição. Tá reclamando o quê? É ou não é melhor que o atual técnico da seleção?

Cafu e Roberto Carlos – Por que essa cara feia, ué? Já tá na hora desses dois virarem técnicos. Pode não soar grande coisa, mas é melhor que ver os dois comentando os jogos da Copa de 2010 pela Globo.

Tite – Ih, pensando bem, melhor não. Até 2010, não dá tempo para ele decorar o nome de todos os repórteres internacionais e dizer a cada um:
- Olha, (nome do repórter), eu posso te olhar nos olhos e te dizer que fico tranqüilo ao escolher o (nome de algum jogador da seleção) como rrrrreferência tática do time.

Ênio Andrade – O melhor de todos. Mestre. Um dos grandes técnicos brasileiros. Tá, tudo bem, ele morreu em 1997, mas e daí? Vai me dizer que o Zagallo estava vivo naquela casamata?

Resoluções para 2010



É amigo, a Copa de 2010 já está aí. Antes que nos iludamos com 9 pontos contra babas, antes que nos inflemos ao superar ingênuos nas oitavas e antes que sucumbamos para competentes nas quartas, é preciso tomar uma atitude. Uma não, 13, porque "França é melhor" tem 13 letras.

1 - Parar de chamar o time do Brasil de seleção
O fudunço começa aí. Se é seleção, são escalados os melhores, mesmo que não faça sentido. Se é time, o realismo se impõe.

2 - Chamar um técnico sem pudores
Parreira deu xilique quando leram palavrões em seus lábios. Isso diz tudo.

3 - Convocar quem está jogando
Cafu é banco no Milan e Roberto Carlos é banco no Real Madrid. Mas o critério só valeu pro Roque Júnior.

4 - Ratear nas eliminatórias
Boas eliminatórias desagregam. Lembra Argentina e França em 2002? E a Ucrânia? Tirou Turquia (bronze em 2002) e Grécia (eurocopeira de 2004) e tomou duas goleadas. O Brasil, campeão sul-americano, deu no que não deu.

5 - Fuck Favoritismo©

"Favoritismo é o meu pau de pince-nez", já dizia Theodore Roosevelt, 26º presidente dos Estados Unidos (1901-1909). "Boleiro que se acha perde, negão, perde", ensinava Teddy.
©Soul Online 2005

6 - Concentrar em local quente
A CBF gosta de "friozinho gostoso". Vide Granja Comary (clima oficial: neblina) e a pacata cidade de Weggis (-10°C que a Alemanha). Se deixar, os cebefistas mandam o Brasil concentrar nas neves eternas do Kilimanjaro antes da África do Sul. Praia, gente.

7 - Quartos em dupla
Os quartos viraram individuais depois de 1998, quando o treco do Ronaldo virou pânico graças ao room-mate Roberto Carlos. Sem epiléticos nem fofoqueiros, que voltem as duplas.

8 - Não cobrar por treinos
Como errar em paz diante de cinco mil pagantes que querem show? Ainda mais cinco mil turistas, jornalistas, cambistas, percussionistas e churanhas invasoras de campo.

9 - Agendar amistosos sérios
Jogar contra Lucerna e Nova Zelândia é bom pra quem, fora Lucerna e Nova Zelândia?

10 - Acreditar no ranking da Fifa
Um pouco que seja. Por que morrer de medo da Austrália (48º) e achar que contra a França (5º) era só "jogar nosso futebol"?

11 - Ouvir o Presidente
Luís Inácio falou, Luís Inácio avisou: Ronaldo estava gordo. Em 2010, respeito quando Heloísa Helena quiser saber se Fred vai jogar de brinco.

12 - Deixar Galvão Bueno em paz
"O time está amarrado", "Os meninos precisam jogar" e "Calaboca Arnaldo!" estão entre as várias coisas certas que ele falou nessa Copa.

13 - Escalar jogadores em suas posições
Adriano é centro-avante e jogou de segundo atacante; Zé Roberto, meio-campo, jogou de volante; Cafu é ex-lateral-direito e jogou de lateral-direito. Só foi bem sempre quem jogou na sua: Juan, Lúcio e Dida.

Livro do Mês


Como será que andam as vendas?

Caiu a casa


Esse é o novo lançamento da nike para os craques brasileiros, reparem que tem até proteção para o calcanhar.

Valeu Verça, pela colaboração.

A ética dos maiorais

Ontem de noite, no programa do Milton Neves, estava Vanderlei Luxemburgo comentando a eliminação no Brasil. Grito vai, grito vem (como gritam naquele programa), e o Vanderlei se recusa a dar respostas claras sobre o que levou a Seleção ao fracasso.

Compreensível, o sujeito é candidato ao posto, não iria dizer uma bobagem logo agora.

Mas, de repente, perguntado se não houve falta de espírito competitivo, Luxemburgo disse que um verdadeiro campeão tem que ter diversas características de caráter: amor, compaixão, comprometimento e ÉTICA. A resposta é bonita, mas ficou meio vaga. Daí o Milton Neves perguntou o seguinte: "quando você foi demitido do Real Madrid, quem foi o primeiro jogador a ligar para prestar solidariedade?". E o Luxa: "Zidane".

Para os marcianos, é bom lembrar que o Real Madrid é uma equipe recheada de brasileiros.

2.7.06

Seleção da Copa

Buffon* (Itália)

Sagnol (França)
Canavarro (Itália)
R. Carvalho** (Portugal)
Magnin*** (Suiça)

Pirlo (Itália)
Maniche (Portugal)
Zé Roberto**** (Brasil)

Zidane (França)
J. Cole***** (Inglaterra)

Klose (Alemanha)

* Czech (Rep. Tcheca) é melhor, mas seleção de Copa com jogador que saiu na primeira fase não dá.
** Ambos são zagueiros pela esquerda, mas são os melhores defensores da Copa. Qualquer coisa, eles tiram a sorte no palitinho, quem perder joga na direita. Caso não jogue nada, sai pra entrada do Ferdinand (Inglaterra).
*** Menção honrosa. Um time que não toma gols em Copa merece um jogador de defesa na seleção. Não fosse isso, teríamos A. Cole (Inglaterra).
**** Sim, três volantes. Se bem que o Zé Roberto não é volante. Enfim, jogou muito, tá na seleção.
***** Esquema 4-3-2-1

Chora, cavaco!

Jogador que não chora depois de cair fora de uma Copa, ou pelo menos que não parece brabo, não pode ser de Seleção. Aliás, é difícil imaginar que possa jogar futebol.
Há mais de 100 anos existe futebol no Brasil. Esse tempo todo não foi suficiente para implantar no inconsciente coletivo de que este é um jogo de coração. Existe tática e ela vence jogos. Existe técnica, e ela vence jogos. Mas só se vence um campeonato com gana, raça, vontade. Não há campeão de copa do mundo que não tenha tido aplicação em campo. Que não tenha entrado com os dois pés pra disputar uma bola, gritado com o companheiro molóide, se esborrachado nas placas de propaganda pra conseguir o cruzamento na linha de fundo. Até o Pelé deu uma bocha num adversário em 70. Agora, na TV, tem uma matéria sobre Portugal e aparece uma imagem do Figo se matando pra evitar um escanteio. Coloquem o Ronaldinho nessa frase e imaginem se é possível existir uma imagem igual nos arquivos da tv fifa.
Os comentaristas que inventaram o quadrado mágico, quem odeia o Felipão, os piás paulistas com quem eu jogava na praia durante o verão de 95 e reclamavam que eu "batia", todos esses hoje estão na rua dando entrevistas pedindo garra para a seleção. Mas no Brasil passar o jogo inteiro só marcando um jogador é feio. O Emerson é "quebrador de bola", o Parreira diz que a Seleção nunca fez marcação individual em ninguém. Cento e muitos anos de futebol e o país da bola ainda não entende o que é preciso pra ganhar qualquer coisa.

Ei, Parreira, vai tomar no cu

No meio do segundo tempo, a torcida brasileira já gritava "Ei, Parreira, vai tomar no cu" das arquibancadas. Não consigo entender o motivo de tanta insatisfação. Acompanho copas do mundo desde 1986 e nunca vi uma Seleção representando o país com tanta precisão: a moleza, a falta de espírito coletivo, nenhuma noção de planejamento, a idéia de que basta a nossa ginga, malemolência e malandragem pra superar qualquer obstáculo, a insistência em métodos ultrapassados, não faltou nenhum detalhe.

Finalmente uma Seleção mostrou ao mundo inteiro o que qualquer rodada do Campeonato Brasileiro deixava claro: nós temos os melhores jogadores e o pior futebol do mundo. As duas maiores provas disso estavam sentadas lado a lado na casamata: Parreira e Zagallo, que fracassaram em todos, eu disse TODOS os clubes em que trabalharam, e só conseguiram uma cadeira para repousar o paletó no grande cabide de empregos do futebol brasileiro, a CBF. Parreira é um Joel Santana com as polaridades invertidas que o mundo decidiu levar a sério.

Essa semana vai ser toda dedicada a procurar explicações para a derrota da Seleção. Perda de tempo. Só existe uma explicação para isso, e ela está na frase do Parreira após a coletiva:

- Eu jamais poderia imaginar que o Brasil não fosse chegar à final.

Pronto. O técnico de uma seleção não pensa na possibilidade de seu time perder para outra grande seleção nas quartas-de-final de uma copa do mundo. A promotoria não tem mais perguntas. Depois disso, vai ficar difícil seguir chamando os argentinos, que deram o sangue em todas as partidas e foram honrosamente derrotados nos pênaltis por um adversário que jogava em casa, de arrogantes. Arrogantes somos nós.

Magicô

A música é brega e as imagens se repetem, mas o conteúdo é para guardar para referência futura, quando alguém lhe perguntar "o que é futebol-arte?".

1.7.06

O retrato do Brasil


Em todos os jogos a partir das oitavas, a imagem final era de jogadores derrotados arrasados, estatelados no Gramado, cabeça entre as pernas. A exceção foram os brasileiros. Muitos jogadores terminaram a partida contra a França quase sorrindo – aliás o Cafu e o Ronaldinho passaram a Copa inteira com um riso irritante no rosto. A exceção foi o Gilberto Silva.
***
O Brasil jogou as quartas-de-final como jogou todos os outros jogos. Leve e descompromissado. A vontade que dava durante a partida era de entrar no campo, sacudir Ronaldinho e Cia e dizer: meu isso, aqui é quartas-de-final de Copa do Mundo. Nossas estrelas não tinham – e não têm - a menor noção da importância do jogo e da responsabilidade do jogo.
***
A certa altura, no meio da partida, meu pai me ligou:
- Oi, meu filho. Tu sabes que horas chega o vôo.
- Que vôo?
- Do Ronaldinho na Alemanha.
***
Quarenta e dois minutos. Falta na boca da área francesa. As esperanças todas em Ronaldinho. Ele bate por cima, bota a mão na cabeça e sai rindo com seus dentes horrendos. Na foto acima, o retrato do Brasil.
***
Agora, todos voltam para seus mundinhos de fantasia. O Ronaldinho, com o rabo cheio de dinheiro, continuará em todos os outdoors, comerciais de TV, estações de metrô, garrafas de refrigerante. Chegará às vezes em Porto Alegre, com seus seguranças, para curtir um showzinho da Alcione em casa, rodeado dos pagodeiros, do Assis e de suas putas do La Barca ou da Carmen.
***
Venceu o time mais forte. O que marcou melhor, que se impôs fisicamente. Não existe time vitorioso sem marcação. E onde o Brasil queria chegar só com o Zé Roberto e o Gilberto Silva pegando no meio? Em seu campo, a França, com força física, anulou Kaká, Ronaldinho, Juninho, etc... Em uma boa equipe, os meias avançados têm de criar com a bola no pé e marcar firme sem ela. O Parreira, velho mordedor de língua, nunca soube disso.
***
Como o Parreira conseguiu formar um time tão sem espírito de grupo, tão sem brios, tão descompromissado?

A boa notícia


O gol de Henry foi o epílogo perfeito da carreira de Roberto Carlos na Seleção, um jogador que conquistou a posição pura imposição pessoal, e não futebolística. Ele obviamente não aparece na foto. Cheio de si, aposto que não marcou o principal atacante adversário de propósito.

Nunca odiei tanto um jogador de futebol. É arrogante e burro. Em alguns momentos, o futebol brasileiro é um paradoxo: se a grande diferença entre nós e os outros é quantidade de bons jogadores, por que morrer abraçado com alguns que não vêm correspondendo?

Torço para que queime no inferno - do ladinho do Parreira.

Isso é o que dá estudar


Nos dias que antecederam o jogo, Henry, jogador francês, criou uma pequena polêmica ao alegar que existiam tantos brasileiros bons de bola pois, enquanto os brasieliros jogavam futebol desde pequenos, muitas horas por dia, os jogares franceses estavam nas escolas, estudando.

Ou seja, hoje tivemos a vitória do estudo sobre a malandragem.

E quem diria que o futebol "Joga bonito" seria o francês? Na foto, Zinedine Zidane, o verdadeiro 10, o nome do jogo.

Fim de uma era

Adieu, Cafu, Roberto Carlos, Zagallo, Parreira. Futebol se joga no campo e não no currículo.

Felipão é maior que o Brasil


Felipão (foto) pode não ter conseguido manter seu aproveitamento de 100%. Mas continua invicto em Copas e consegue ir mais longe que sua seleção anterior.
Agora são 12 jogos de invencibilidade, 11 vitórias e 1 empate.
Portugal pode não ser brilhante, pode não ter as estrelas que a seleção nacional tem. Mas garra, vontade e disposição, eles têm de sobra.
O Brasil chora de saudades de Felipão.

Eurocopa


Bem amigos, a Copa acabou para o Brasil.
Na Argentina os hermanos dizem: "elles estan fuera". E agora a Copa do Mundo virou uma mini-Eurocopa. Alemanha x Itália, Portugal x França. Três seleções já campeãs do mundo. Um treinador que luta pelo bi-campeonato. Sete títulos mundiais.
A final, seja qual for, será inédita.

Ele já sabia

"Depois de Brasil e França, o riso rola solto em Zorra Total!"

Repartição Carlos Alberto Parreira


Quando se dizia que a Seleção tinha a cara do Parreira, era um pacote. O Brasil tinha o jeito do técnico porque tocava a bola inifinitamente como faz todos os times treinados por ele. Suas equipes são lentas, pacientes e, quase sempre, eficientes porque sabem aproveitar a hora certa. O Parreira nunca foi um treinador que soube fazer o seu time criar o momento. Se o momento não chega, o time dele perde com a bola no pé, trocando passes na intermediária até o apagar das luzes do estádio.

Quando se dizia que a Seleção tinha a cara do Parreira, a imagem era esta: um time que controla o jogo e sabe esperar o momento de dar o bote. Mas o Parreira também é um cidadão apático, quase depressivo. O time teve essa cara desde o início da competição. Parreira não tem emoções, tampouco a Seleção. No esporte, a frieza é importante nos momentos em que se precisa controlar a situação e se sobrepôr por pura superioridade técnica, mas inútil quando não há superioridade alguma. O Brasil virou o jogo contra o Japão porque jogava melhor, ainda que jogasse muito pouco aquele dia. Contra a França, jamais viraríamos a partida apenas esperando o momento certo. Desde o início do segundo tempo, estava claro que a França não deixaria a Seleção brasileira encontrar uma falha.

Era preciso cavar um buraco na Bastilha. E são nesses momentos que a garra transforma uma partida de futebol. Com iniciativa e entrega, talvez o Brasil tivesse alguma chance de assustar os franceses e forçá-los e falhar. A vitória ou derrota numa partida de futebol é conseqüência da razão entre os defeitos e méritos dos times. Nenhum time ganha ou perde sozinho, tudo depende da ação do adversário. Não dá para jogar todos os louros no colo dos franceses. O que a gente viu hoje foi um time que soube se aproveitar de todos os defeitos de uma equipe e outra que não fez o suficiente para mostrar suas qualidades e anular as qualidades do adversário. Com essa marcação frouxa, Zidane e Henry passearam no campo do Brasil. Mas até o Balalo faria sucesso naquele latifúndio.

A equipe brasileira não iria a lugar nenhum hoje jogando como a alma do seu mestre. Numa Copa de poucos espaços e de equipes muito iguais, treinadores que transferem energia e indignação para seus comandados fazem sucesso - Klinsmann, Felipão. Carlos Alberto Parreira não tem lugar num universo onde é o coração que está fazendo a diferença.

Nunca a eliminação foi tão merecida.

Vamos à cotação:

Dida - 7. Sem culpa.

Cafú - 4. Velho, perdeu no desempenho físico para os franceses, o que sempre foi seu forte. Nunca soube cruzar. Só estava escalado pela liderança que excercia em função da experiência. Pelo menos foi merecidamente substituído.

Juan - 6. Pior jogo da zaga. Mas não dá para culpar só a zaga quando não há marcação no meio-campo.

Lúcio - 6. Mesma coisa.

Roberto Carlos - 1. Nem dá para dizer qualquer coisa.

Gilberto Silva - 6. Junto com o Zé Roberto, era o único que dava combate, merece apoio pelo esforço.

Zé Roberto - 6. Dentro da merda toda que foi o time, fez o possível.

Kaká - 3. Medonho. Sumido, se deslocando pouco para receber a bola e errando muitos passes. Parecia que estava com a cabeça em outro lugar.

Juninho Pernambucano - 6. Não se destacou, mas não consigo vê-lo mal no jogo. Quando se pedia sua escalação, não era por causa da sua qualidade técnica ou criatividade, mas porque liberaria o Ronaldinho e daria mais equilíbrio à marcação. Ou seja, não era ele que tinha que brilhar. Funcionou nos 10 primeiros minutos, mas depois sucumbiu junto com o resto. Devia ter aparecido um pouco mais na saída de bola.

Ronaldinho Gaúcho - 5. Bem nos primeiro minutos, depois andou em campo. Não perdôo jogador que, nas quartas-de-finais de uma Copa, atrás no placar, perde a bola e não corre desesperado para roubá-la. Ele e os demais da frente tinham que ter se doado mais neste jogo.

Ronaldo - 6. Fica muito prejudicado se a as bolas não chegam nele, mas, como disse acima, faltou doação (pra todo time) no final. Cavou uma falta que podia ter mudado a história, pelo menos.

Adriano - Sem nota. Teve pouco tempo e nenhuma bola chegou nele. Até correu um pouco mais que o Ronaldo.

Robinho - 8. É a boa notícia da Copa. Todo mundo pega no pé do guri porque ele parece apenas um acrobata, mas mostrou raça e muito disposição em toda Copa. Neste jogo não foi diferente. Foi o jogador mais raçudo do Brasil junto do Lúcio. É até estranho constatar isso.

Cicinho - 7. Melhor que Cafú.